“Faz que Vai”… exposição de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca em Junho no Porto

O nome herda-se da obra original, filme ensaio que investiga a forma como o frevo (dança tradicional do Recife) é absorvida e transformada no corpo de jovens moradores das periferias das cidades do Nordeste do Brasil. “Faz que Vai”, a exposição curada por Moacir dos Anjos, inaugura a 13 de Junho pelas 21h30 no Maus Hábitos do Porto e pretende dar a conhecer o trabalho de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca, artistas que integraram a comitiva brasileira da Bienal de Veneza deste ano.

 

Documento prático sobre as diferenças de raça, classe e género de um país, “Faz Que Vai” rouba o nome ao um dos mais típicos passos da tradicional dança frevo, originalmente herdeira dos movimentos guerreiros da Capoeira, apresentando quatro performances que problematizam as características convencionais da dança. Por serem feitas por corpos dissidentes ‘por cor, origem social ou género’ daquilo que é considerado norma ou padrão, essas performances dirigidas e editadas por Bárbara Wagner e Benjamin de Burca reclamam para o frevo um outro estatuto: não mais o de inerte património oficial de uma cultura, mas o de forma artística maleável que renda homenagem às suas origens transgressoras e que sirva de plataforma simbólica para novas lutas.

O filme, que borra as fronteiras entre a ficção e o documentário, será apresentado no Porto em formato instalação, sendo complementado por um filme que dialoga e contextualiza historicamente o primeiro.

A exposição contará ainda com uma série de actividades paralelas que discutem os temas levantados pelo trabalho da dupla. Dia 11 de Junho, pelas 17h, a Aula Magna da FBAUP recebe uma aula aberta do curador moderada por Filipa Cruz. Em julho, haverá uma oficina de dança orientada por Edson Vogue, que trabalha com movimentos do frevo e sua junção com o voguing.

Bárbara Wagner e Benjamin de Burca têm vindo a colaborar em diversos projectos que exploram a forma como a arte e o documentário se cruzam. Nos mais recentes trabalhos questionam a forma como tradições culturais outrora símbolo de resistência têm sido apropriadas pela indústria do entretenimento e turismo. Foi assim em “Estás vendo Coisas” (2017), “Terremoto Santo” (2018) e “Swinguerra” (2019), esta última escolhida para integrar o pavilhão brasileiro da Bienal de Veneza.

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