O Teatro e a Peste… um projeto de teatro e cinema de John Romão e Salomé Lamas

Com concepção e encenação de John Romão e realização de Salomé Lamas, a recriação da conferência O Teatro e a Peste, de Antonin Artaud (1933), é apresentada em streaming, a partir de diversos teatros vazios e diversas geografias.

 

Desde 31 de julho e até 16 de agosto, a recriação da conferência de Artaud – interpretada por cinco atores, em cinco teatros vazios durante o período de confinamento – conta com a participação de Albano Jerónimo, Cucha Carvalheiro, Mónica Calle, Igor Regalla e John Romão, e com música de Gabriel Ferrandini. Para ver online, no website e nas redes sociais da BoCA, da EGEAC e dos equipamentos culturais parceiros.

 

Inspirado na provocatória conferência de Antonin Artaud, em 1933, na Sorbonne, que o público foi abandonando até ficar vazia – 87 anos depois, a recriação de O Teatro e a Peste é interpretada, num primeiro momento, no Teatro Romano, pelo ator Albano Jerónimo e pela coordenadora do teatro, Lídia Fernandes, a 31 de julho, às 21:00, seguindo-se a apresentação em diversos teatros, com outros atores e diretores artísticos dos equipamentos: Cucha Carvalheiro com Aida Tavares, no São Luiz Teatro Municipal; Mónica Calle com Francisco Frazão, no TBA – Teatro do Bairro Alto; Igor Regalla com Susana Menezes, no LU.CA – Teatro Luís de Camões; John Romão com Patrícia Portela, no Teatro Viriato.

 

Como um vírus, o mesmo texto, a mesma direção e a mesma montagem dão lugar, em cada teatro, a um filme de aproximadamente 40 minutos, revelando uma nova interpretação do texto de Artaud e uma nova arquitetura, em ressonância com o teatro e a pandemia atual.

 

Estabelecendo um paralelismo entre a impossibilidade de habitar os teatros (na sequência das salas estarem vazias, como medida preventiva do contágio da COVID-19) e o episódio de 6 de abril de 1933 na Sorbonne (a sala ficou vazia durante a conferência de O Teatro e a Peste de Artaud, que encontrava uma analogia entre o teatro e a peste), John Romão e Salomé Lamas traduzem cenicamente e cinematograficamente O Teatro e a Peste durante o período de confinamento, em teatros vazios, com atores diferentes e com a participação dos diretores dos respetivos equipamentos. É proposta uma nova potência do texto de Antonin Artaud, numa analogia entre o episódio de 1933 e o tempo presente, com o público privado de habitar os teatros em todo o mundo.

 

Paralelamente, e sensivelmente até 23 de agosto, O Teatro e a Peste converte-se numa partitura de texto e de vídeo, expandida a outras cidades portuguesas e estrangeiras, contaminando assim geograficamente, como um vírus, o espaço e as pessoas, ao ser recriado por atores de cidades diferentes em teatros vazios, com transmissão em streaming.

 

Photo: Bruno Simão

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