“manto”… a nova viagem de CAVERNANCIA

Em pouco mais de meio ano, CAVERNANCIA, a nova face do barreirense Pedro Roque – fotógrafo, músico, melómano e rompedor de caminhos novos para as músicas extremas – conta já no curriculum com muitos e merecidíssimos elogios.

 

Ouvindo “em ciano”, lançamento inaugural com selo Nariz Entupido, desde logo se anteviram pousos e paisagens distantes, profundas, inóspitas – a transfiguração dos vários sons do quotidiano utilizados ecoando o atravessamento de uma noite boreal desaguando numa luminescência onírica, uma prisão num acordar eterno; em Março, Roque disponibilizou em formato digital um dos concertos de apresentação desse lançamento, na St. George’s Church, em Lisboa, que não apenas confirmou essa antevisão como a enriqueceu desorientadamente com novas pistas e coordenadas: aí ouvimos música de nuvens sobrepostas, de chuva, trovoada, relâmpago, tempestade, como um retrato sonoro dos fenómenos meteorológicos extremos que podemos esperar no fim do mundo.

 

Chegamos, então, a “manto” (segundo lançamento de um ano que não vai ficar por aqui, tendo em conta as várias colaborações em curso e um ritmo de trabalho frenético), peça única de 35min, novamente em cassete, desta vez com edição Regulator Records. Recebe-nos o deslumbramento extático de uma descolagem, a antecipação de um transporte, caminho aberto para um infinito; mas é igualmente o movimento inverso que se afirma – o mergulho é interior, e tal como “em ciano”, a abundância de luz rapidamente cega, o corpo cede, e é noite. A viagem é, na verdade, vertical, como um elevador que liga o núcleo terrestre ao espaço sideral e está simultaneamente em todos os níveis intermédios.

O manto abre-se em emanações de uma caverna do tamanho do cosmos, os mistérios da ciência entrevistos numa reminiscência efémera.


Concertos de apresentação:

14 Maio – OCCII, Amesterdão

27 Maio – Musicbox, Lisboa (+ WIEGEDOOD)

28 Maio – Hard Club, Porto (+ WIEGEDOOD)

11 Junho – Gasoline, Barreiro (+ DUMA)

 

Photo: Vera Marmelo

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