Keli Freitas e Raquel André refletem sobre a língua que falamos em estreia de “Outra Língua”

Refletir sobre a língua portuguesa é um dos grandes objetivos do espetáculo “Outra Língua”, criado por Keli Freitas e Raquel André, que estreia na próxima sexta-feira, dia 20 de maio, no Teatro Viriato em Viseu.

 

Outra Língua” é um espetáculo, criado por mulheres brasileiras, portuguesas e angolanas, em que, a partir da experiência de falantes de português de diferentes países, se lança a questão: é possível, ao intervir sobre a língua, alterar a realidade que esta descreve? Que língua falamos afinal?

 

Essa é a pergunta. Falamos a mesma língua? Girando em torno dessa pergunta, é óbvio que sabemos que sim e também sabemos que não, no sentido em que nós sabemos que somos falantes de português e no sentido que sabemos que a língua se espalhou por quase todos os continentes do planeta Terra, tomou diferentes caminhos e é uma língua extremamente complexa e plural. A quantidade de sotaques só no território português já é tão diversa, imaginem no Brasil e todas as variantes do português em África, que têm maior tamanho continental”, afirma Keli Freitas.

 

Este projeto surge de um encontro entre Keli Freitas e Raquel André, em 2011, no Brasil, mas que só agora tomou forma. “A Keli Freitas conheceu-me quando eu estava a viver no Brasil, em 2011, e eu fui a primeira pessoa que ela ouviu a falar com o sotaque de português de Portugal, no Brasil. Ela achou muito engraçado e, durante estes últimos 10 anos, tem insistido com esta pergunta: “Será que falamos a mesma língua?” Decidimos fazer um projeto sobre isso, sem nunca imaginarmos que, entretanto, a Keli viria a ser imigrante em Portugal. Passados estes 10 anos, voltámos a encontrar-nos, mas desta vez em Portugal. A ideia para o espetáculo surgiu deste encontro com a língua portuguesa em territórios diferentes, de forma a percebermos se falávamos a mesma língua”, explica Raquel André.

 

O espetáculo conta com a interpretação de Keli Freitas, Raquel André, Nádia Yracema e Tita Maravilha, e nele é recriado um laboratório onde quatro linguistas se questionam sobre as palavras.

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