Documentários “Na Margem” e “Peret, Yo Soy La Rumba” vencem MUVI Almada

A longa metragem documental “Na Margem: Uma História do Rock” foi o grande vencedor do MUVI – Festival Internacional de Música no Cinema, que decorre em Almada até 3 de março.  Duplo vencedor – júri das Odisseias Musicais e prémio do público – o filme de Rui Berton, João Tempera e Davide Pinheiro recolhe a história do rock em Almada ao longo de praticamente 60 anos, contada por aqueles que a viveram de guitarra em punho.

 

Peret, Yo Soy La Rumba”, de Paloma Zapata, um retrato fidedigno da ‘rumba catalã’ contado por membros da família de Peret, autor de “Borriquito” e inventor de um género musical que misturava o ímpeto do rock, o sabor dos ritmos das Caraíbas e o flamenco, venceu o Palco Internacional das Odisseias Musicais – prémio do júri.

 

Uma Espécie de Punk“, de Rui Portulez, sobre a história do punk em Portugal, com depoimentos dos UHF, Xutos & Pontapés, Censurados, Peste & Sida, Mata-Ratos ou X-Acto, recebeu uma menção honrosa na mesma categoria. No plano internacional, o júri premiou “Fevereiros“, de Marcio Debellian, que conta a trajetória de Maria Bethânia através da homenagem da escola de samba Mangueira no Carnaval de 2016, também com uma menção honrosa.

 

Já o público, além de premiar “Na Margem”, ficou sensibilizado com a história verídica – muitas vezes contada na primeira pessoa ou por familiares próximos – do cantor de ópera ucraniano a viver em Paris tornado soldado com um desfecho trágico, no documentário “Myth“, de Leonid Kanter e Ivan Yasniy.

 

Na categoria Sonetos Cantados Palco Internacional o prémio do público foi atribuído a “More Than a Barbershop“, de Xandru Fernández e Fernando Otero Perandones, curta filmada num invulgar cabeleireiro de Dublin, na qual um barbeiro com uma elevada dose de melomania, se transforma num dos principais curadores culturais da cidade.

 

No Palco Nacional da mesma categoria o vencedor foi “O Stradivarius Português“, de Rafael Abalada Matos, uma produção da Antena 2 sobre o único Stradivarius que existe em Portugal, datado de 1725, que pertenceu ao compositor e violoncelista belga Pierre Chevillard e, mais tarde, foi adquirido para a coleção do rei D. Luís. Também aqui os jurados concordaram com a atribuição do prémio do público e elegeram a curta da Antena 2 com a melhor portuguesa em competição.

 

Apesar da votação renhida, o júri premiou a qualidade musical e criatividade da curta russa e inglesa “Let It Soul“, de Kirill Kulagin, que acompanha a deslocação de Shawn Lee ao estúdio de gravação dos Soul Sufferers.

 

Nas Canções Com Gente Dentro, a secção de vídeos musicais do MUVI, os vencedores foram “Landslide“, do realizador Eoin Glaister, que proporciona imagem em movimento ao single homónino dos norte-americanos Beirut, no Palco Internacional, e “Singing In The Rain (And I’m On Fire)“, do realizador Rui Geada, que ilustra o single dos almadenses The Manchesters, banda que atuou no Cine Incrível, no contexto do festival, no dia 25 de fevereiro.

 

Uma vez mais os jurados acertaram agulhas com o vencedor internacional do público, “Landslide”, decidindo ainda atribuir uma menção honrosa a “Human“, de Hazel Hayes, com música da britânica Dodie. No Palco Nacional premiaram “Motorcycle Boy“, de James F. Cotton & Masato Riesser, tema de The Legendary Tigerman, e atribuíram uma menção honrosa a “Frida“, de Cláudia Batalhão, um tema de April Ivy com a colaboração do ex-Buraka Som Sistema Conductor.

 

Ainda Tenho Um Sonho ou Dois – A História dos Pop Dell’Arte“, de Nuno Duarte e Nuno Galopim (Odisseias Musicais), “Barreiro Rock City“, de Bruno Martins e Leonor Bettencourt Loureiro (Sonetos Cantados) e “#Demasia“, de Chikolaev (Canções Com Gente Dentro), foram os filmes premiados pela crítica, uma seleção feita pelos bloggers e jornalistas presentes no festival.

 

Com cerca de 100 filmes exibidos em competição e em retrospetivas – entre longas metragens, curtas e vídeos musicais – o MUVI recebeu ainda os concertos do conceituado músico jazz Andy Sheppard – a 21 de fevereiro o músico britânico que reside na Ericeira foi agraciado com um doutoramento honoris causa pela Universidade de Bristol -, e os portugueses Joana Barra Vaz, The Manchesters e Harka no emblemático Cine Incrível.

A exposição “Xutos & Pontapés: 40 anos, 40 fotos”, por Cameraman Metálico, tem sido visitada diariamente por dezenas, quando não centenas de pessoas, patente até 3 de março no átrio do Fórum Romeu Correia, em Almada.

 

Com a competição encerrada, sábado, 2 de março, às 16:30, o festival recebe o Cine Concerto em que Charlie Mancini musicará os clássicos do cinema mudo “Felix the Cat in Hollywood”, “Inside A Animation Studio Making A Cartoon” e “Viagem À Lua“, de Georges Méliès, com um imponente piano de cauda.

Às 19:00, o jovem guitarrista Gaspar Varela, bisneto da fadista Celeste Rodrigues, apresenta excertos do recém-editado “Gaspar” no Fórum Romeu Correia, em Almada. A sessão não fica concluída sem a indicação dos vencedores e a exibição da obra “Celeste“, de Diogo Varela Silva, em homenagem à fadista que nos deixou em agosto de 2018.

Às 21:30 será exibido “Meu Caro Amigo Chico“, documentário de Joana Barra Vaz que tenta responder a “Tanto Mar“, de Chico Buarque, através das canções e testemunhos de músicos como Sérgio Godinho, António Zambujo, Márcia, Manuel Cruz ou Nuno Prata.

 

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