Werner Herzog, Maria Augusta Ramos e o legado de Pina Bausch, entre muitos outros, no Doclisboa’22

O Doclisboa revela os primeiros títulos confirmados para a 20ª edição do festival: 5 filmes que integram a secção Da Terra à Lua, onde figuram olhares singulares que constroem pontes entre a história e o futuro, e 5 filmes do Heart Beat que trazem uma diversidade de representações do mundo das artes.

 

O coração pulsante do Doclisboa volta a dar cartas entre a dança, a música e a literatura. A vida e obra do lendário vocalista Ronnie James Dio, um dos nomes maiores da história do Heavy Metal, pelos testemunhos da família e amigos mais próximos, cruzados com imagens de arquivo em DIO: Dreamers Never Die, de Don Argott, Demian Fenton.

Em Dreaming Walls, as realizadoras Amélie van Elmbt e Maya Duverdier levam-nos pela história do mítico Hotel Chelsea, lar de tantos artistas, cineastas e músicos nos anos 60, como Patti Smith, Leonard Cohen ou Stanley Kubrick, e que vê o seu futuro comprometido com as transformações mais recentes que atravessam a cidade de Nova Iorque.

O icónico trio formado por Jane Fonda, Dolly Parton e Lily Tomlin revisita o filme 9 to 5 em Still Working 9 to 5, de Camille Hardman e Gary Lane. O filme debate as lutas pela igualdade de género e discriminação laboral no contexto norte-americano, do final dos anos 70 ao movimento Me Too.

Luísa Sequeira e Luísa Marinho apresentam, em estreia mundial, O Que Podem as Palavras. O filme coloca as escritoras portuguesas Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa em diálogo, enquanto reflectem sobre o processo criativo e o impacto da singular obra literária Novas Cartas Portuguesas nas suas vidas e no movimento feminista no contexto internacional.

Em Dancing Pina, Florian Heinzen-Ziob acompanha os ensaios de duas companhias de dança que interpretam uma obra de Pina Bausch, num registo intimista e de imagens deslumbrantes que presta homenagem ao legado de uma das maiores coreógrafas dos últimos tempos.

 

A secção Da Terra à Lua apresenta The Fire Within: Requiem for Katia and Maurice Krafft, de Werner Herzog, uma elegia ao casal de vulcanologistas franceses, construída a partir do seu extenso arquivo de imagens registadas ao longo do seu trabalho de uma vida a captar a essência dos vulcões em actividade.

Em To the End, Rachel Lears acompanha quatro activistas ambientais, incluindo a Congressista Alexandria Ocasio-Cortez, na proposta do Green New Deal para reduzir as emissões carbónicas e reformular a economia nos Estados Unidos.

Também de gestos políticos se faz o Amigo Secreto, de Maria Augusta Ramos. Em Outubro, mês em que o rumo político do Brasil é decidido, o Doclisboa apresenta o novo filme da realizadora, que segue o caso de investigação jornalística ‘Vaza Jato’, levado a cabo pela equipa do The Intercept, numa reflexão sobre os eixos político, jurídico e o papel ético da imprensa.

Com Adeus, Capitão, Vincent Carelli e Tatiana Almeida constroem o retrato póstumo de Krohokrenhum, líder indígena e figura central de resistência do povo Gavião, no interior do estado do Pará. O filme encerra a trilogia – iniciada por Corumbiara e Martírio – sobre a luta e resistência dos povos indígenas, que o Doclisboa irá mostrar no festival.

Em Outubro, o festival acolherá Maria Augusta Ramos e Vincent Carelli, assim como o cineasta Rithy Panh que estará em Lisboa para trazer o seu mais recente filme-ensaio Everything Will Be Ok, premiado este ano em Berlim com o Urso de Prata de Excepcional Contribuição Artística, e que parte da construção de um futuro distópico para analisar a história do totalitarismo e da democracia.

O Doclisboa está de volta às salas lisboetas de 6 a 16 de Outubro.

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