Sleaford Mods abalaram a noite portuense

O som cru e duro dos Sleaford Mods abalou a noite portuense com um concerto explosivo no Hard Club.

As segundas-feiras são, habitualmente, dias difíceis e desanimados. Os Sleaford Mods ouviram isso e vieram desde Nottingham até ao Porto começar a nossa semana da melhor maneira possível, aproveitando para apresentar “English Tapas”, o seu mais recente trabalho.

A noite começou com a actuação do brasileiro O Gingo Sou EU. Os seus ritmos contemporâneos misturam sons dos dois lados do Oceano Atlântico e passam mensagens irónicas, humoradas e politizadas (o artista confessou que não se associava a nenhum lado político, o que era uma coisa boa porque podia “falar mal de toda a gente”). Na recta final do seu concerto, chamou o projecto de empreendedorismo e transformação social Tukbatuk para mostrarem o que é a “Música Ecológica”.

Finda a primeira parte da noite, a sala encheu-se por completo e a multidão foi-se aproximando do palco, com vários cânticos chamativos a serem entoados. Fazendo jus à pontualidade britânica, às 22h15 entram em cena Jason Williamson e Andrew Fearn e, sem mais demoras, dão início à parte mais esperada da noite.

Um concerto de Sleaford Mods é algo que foge um pouco ao habitual. Da dupla em palco, Andrew Fearn deixa-se estar de lado a apreciar o espectáculo com uma garrafa de cerveja na mão. Quase poderia ser um fã como todos os outros, não fosse controlando pontualmente o seu pequeno computador portátil empilhado em cima de duas grades de cerveja e de onde saem os ritmos minimais característicos da banda. Quanto a Jason Williamson, a sua excentricidade contrasta imenso com a postura de Fearn.

Na verdade, ali ninguém canta: vocifera-se, declama-se um punk urbano e crítico da sociedade, com vertentes raivosas e anárquicas. O que ali se faz é uma projeção de forma torrencial das ideias que surgem no dia-a-dia com o acompanhamento de uns beats minimalistas e bastante humor à mistura. O resultado é contagiante e até deliroso e age como uma sessão extrema de terapia, deixando com que, durante aquela hora, nos soltemos por completo e nos livremos do stress do trabalho e da sociedade actual.

Cada álbum e concerto a que se assiste assemelha-se mais a uma conversa entre um grupo de amigos que se vai prolongando ao longo de vários anos. É importante manter viva essa conversa e os Sleaford Mods mostraram que ela continua viva e ainda vai dar muito que falar.

 

Fotografias e Reportagem: Vasco Coimbra

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