“São Gunão” é o novo disco dos 800 Gondomar

Fica disponível esta segunda feira, 4 de março, em todas as plataformas digitais e em formato vinil “São Gunão”, o novo disco dos 800 Gondomar. O lançamento será seguido de uma vasta tour de apresentação com passagens por Porto, Braga, Gondomar, Lisboa, Portalegre, Cadima, Leiria, Santa Maria de Lamas, Barreiro, Castelo Branco, e outras a anunciar em breve.

Um novo disco onde os 800 Gondomar expandem o seu universo sonoro, refinando o seu garage-punk primário através de incursões a outros cantos do seu espectro musical e da maior maturidade lírica impressa nas suas letras. Não que com isso se perca aquela que será uma marca do ADN da banda: a irrepreensível acutilância com que discorrem sobre os temas que marcam os nossos, da habitação aos dilemas da sociedade digital.

Um disco oportuno, que surge em linha com os movimentos internacionais que têm vindo a redefinir o próprio género musical onde o coletivo se insere, e que continua a encapsular a paixão e a urgência que definem a sua música. Crescimento lírico e energia inegável cruzam-se aqui para renovar o lugar dos 800 Gondomar como uma força única no cenário do garage rock português contemporâneo, provando que é possível evoluir artisticamente sem perder a essência que sempre os destacou.

“Rio Tinto” abre o disco, com a seu cântico referente à crise da habitação – Rio Tinto e os subúrbios deixaram de ser sinónimo de periferia indesejada, para serem algo mais próximo do único ideal alcançável e suportável. “AX GTI” reforça esses símbolos de pertença através da comparação material, enquanto “Tchoo Tchoo” o faz, com referências ao acto arriscado de se pedir fiado ao dealer, chefe dos vapores pessoais.

“Nem é Bom” é uma viagem diagonal ao narcotráfico da zona Norte; e “Não há Mal” uma das baladas costumeiras dos 800 Gondomar, um íntimo alívio e abraço que reconforta após esta vertigem inicial. “Balada do Cancelado” subverte com a sua carga emotiva as novas condições da sociedade digital e “Mataram o Fábio” recupera a analogia da morte real.

“Poppers Paraíso” fala da descrença no hedonismo, com subtis referências aos gangues da Ribeira, enquanto Erva Daninha elucida sobre as consequências dessa forma de viver. “Faca no Bolso” é um standoff violento contado em duas frases. “Sexta-à-Noite com o Monstro” é uma alegoria contraditória ao incesto social, fechando o disco com uma nota festiva que se cinge como autocrítica ao próprio mentor da festa.

📸 Tiago Mogege

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