“O Silêncio que Canta por Liberdade” resgata o impacto da ditadura na música brasileira

Numa altura em que a censura musical está na ordem do dia, Úrsula Corona, através da sua produtora Sete Artes Produções, prepara-se para lançar uma série documental de sua autoria e cuja realização assina, intitulada “O Silêncio que Canta por Liberdade” sobre o impacto da ditadura brasileira na música do Nordeste.

 

A série, baseada em documentos originais e imagens de arquivo, conta com testemunhos impressionantes de músicos como Gilberto Gil, Gal Costa, Alceu Valença e Chico Cesar entre outros, e tem estreia mundial programada para o segundo semestre de 2021.

 

A ditadura perseguiu e exilou músicos que se negaram a silenciar a sua arte perante a ameaça e o autoritarismo da ditadura militar brasileira. A MPB foi, efectivamente, uma arma e uma das mais importantes ferramentas de denúncia no combate ao sistema.

 

Numa das entrevistas gravadas para a série, Gilberto Gil recorda os acontecimentos mais importantes do exílio em Londres entre 1969 e 1971. Foi exactamente durante este período de exílio na capital inglesa que o músico gravou alguns dos seus maiores êxitos musicais. Também Gal Costa relata memórias semelhantes no documentário onde recorda o início da sua carreira ao lado de Caetano Veloso e Maria Bethânia. Gal propõe ainda uma reflexão e uma comparação do horror dessa época com as tendências autoritárias que se fazem sentir na atualidade brasileira.

 

“A cultura fala no coração do povo. Isso pode ser uma ameaça. E naquela época, ela foi ameaçadora. Esta série resgata a memória cultural do país sob o olhar nordestino. A perseguição durante a ditadura militar ocorreu a nível nacional, mas a história de muitos artistas que ficaram no Nordeste nunca foi contada. Fomos pesquisar e descobrimos histórias fragmentadas. Decidimos fazer uma série de investigação baseada em documentos originais em que pudéssemos montar esse puzzle”, afirma a realizadora Úrsula Corona.

 

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