“O Corpo” nos Jardins Efémeros em Viseu

Os Jardins Efémeros são uma plataforma cultural multidisciplinar com sede em Viseu. Apresentam uma forte componente experimental, com o objectivo de potenciar a relação entre artistas, curadores, investigadores, universidades, associações culturais, sociais, de comércio, turísticas, empresas, museus, escolas, município,

residentes e visitantes.

 

As relações estabelecidas entre os diferentes agentes poderão materializar-se em projectos específicos e resultantes dos JE e devem servir como ponto de partida para realizações futuras desenvolvidas pelos diferentes agentes. A utilização de espaços icónicos como a Sé, a Igreja da Misericórdia, museus, capelas, edifícios públicos e privados, edifícios devolutos, jardins, logradouros, praças, e ancorados no centro histórico, possibilitam aos cidadãos uma experiência singular. Os concertos, as exposições, as performances e outras actividades culturais propostas têm como objectivo sensibilizar a população e os visitantes para a cidadania e valorização do património, respeitando-o profundamente.

A VIII edição dos Jardins Efémeros, a realizar-se em Viseu entre os dias 6 e 10 de Julho, tem O Corpo como tema e uma programação continuamente pensada para crianças, jovens e adultos. As criações preparadas para esta edição procuram contribuir para uma reflexão sobre a pressão e as novas possibilidades com que a vida humana se debate no mundo actual, e teve por base a convicção de que permitirá uma enorme diversidade de abordagens artísticas e pedagógicas, pertinentes e plurais. É urgente a sensibilização da população e da comunidade artística para a edificação de um mundo plural, agregador, justo, com esperança e criativo, num tempo em que a sustentabilidade do planeta e a vida humana estão em frágil equilíbrio.

Nas oito categorias que o programa contém, o “corpo” – individual e colectivo, no espaço e no tempo – é objecto e sujeito de transformações e interacções diversas, cujos pretensos limites éticos podem ser questionáveis pela estética.

 

O Centro Histórico de Viseu será novamente transformado num espaço onde o pensamento experimenta novos contornos com a comunidade, pela mão de artistas locais, nacionais e internacionais. Mais uma vez será palco para criações artísticas na área da arquitectura, das artes visuais, do som, da dança, do teatro, do cinema, da pólis, das oficinas e dos mercados.

A intervenção na praça principal do centro histórico – a Praça D. Duarte – será da autoria da escultora Fernanda Fragateiro. “Toda a paisagem não está em parte nenhuma” (2018) propõe uma reflexão da cidade como uma forma de paisagem, introduzindo uma construção escultórica que «modifique a espacialidade da praça e simultaneamente transforme a contemplação em actualidade, a observação em deambulação e o observador num activador do lugar». A criação cruza a escultura, a linguagem verbal e o espaço urbano envolvente, e foi pensada para ser percorrida pelo corpo «num jogo de fora e dentro, de ligações e atravessamentos, numa experiência para o corpo e para o olhar dos visitantes, de todas as idades». A instalação ficará patente ao público até ao dia 3 de Agosto na Praça D. Duarte.

 

A exposição Dark Forces de Nuno Cera no Museu Nacional Grão Vasco revisita o Verão de 2003 com uma instalação fotográfica e de vídeo captados nas áreas florestais perto de Viseu, depois da destruição causada pelos fogos. Nuno Cera investiga o que está para além da realidade apresentada pelos media, dá-nos a entender a beleza do cenário da terra queimada, dá vida a imagens poéticas, intemporais, que partilham o passado com a visão dos nossos dias – a beleza da Natureza. Estará patente ao público até ao dia 15 de Agosto.

A partir da utilização de um objecto comum, de baixo custo, moldável, modular, transportável e reciclável, Liliana Velho e Rafael Gomes conceberam um espaço de convívio no Largo Pintor Gata. Choca-me é composta por peças de mobiliário exterior criadas a partir de caixas de ovos.

Mais uma vez, artistas locais e emergentes têm o ponto de encontro num edifício desocupado do centro histórico da cidade, na Rua Direita, com exposições e instalações que têm por base reflexões sobre o papel do corpo.

Dos momentos programados na categoria Som, destaque para as presenças no primeiro dia, 6 de Julho, da artista visual e música experimental francesa Félicia Atkinson, do artista multidisciplinar luso-angolano Nástio Mosquito, do compositor sérvio Abul Mogard e da produtora e artista sonora espanhola JASSS.

 

Sábado, dia 7 de Julho, da artista colombiana Lucrecia Dalt, das lendárias nova-iorquinas ESG, do projecto de música experimental e poesia sonora Cindytalk, das sonoridades viscerais do duo experimental japonês Group A, e da jovem portuguesa Nídia, da editora portuguesa Príncipe.

No dia 8 de Julho, quatro bandas de músicos locais — The Dirty Coal Train, Volcano Skin, Basalto e Galo Cant’Às Duas — farão um showcase na Praça D. Duarte, as irmãs suecas Ectoplasm Girls apresentam o seu projecto audiovisual no Museu Nacional Grão Vasco e o ensemble musical e tradicional do Irão, Mehriyan, ocupará o Adro da Igreja da Misericórdia.

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