O Arquiteturas Film Festival regressa ao Cinema São Jorge

A acontecer de 1 a 6 de junho, a 8ª edição do Arquiteturas Film Festival explora o tema “Bodies Out of Space”, que partiu da necessidade de reflexão sobre as restrições e liberdades concedidas pelo nosso ambiente construído. A pandemia trouxe à tona questões urbanas sistémicas e interpessoais que, mais do que nunca, nos lembram da importância dos nossos corpos.

 

A seleção oficial de filmes discute questões como fronteiras ambientais, desigualdade racial, expansão urbana e a responsabilidade dos arquitetos em moldar não apenas os espaços, mas também as mentalidades.

 

Para além desta temática, este ano o festival está de olhos postos na produção cinematográfica saída de Angola, onde a confluência de tempos e regimes é visível na sua arquitetura e na sua memória coletiva. As vozes do cinema angolano, que se tornam cada vez mais sonantes, têm a curadoria da jornalista, escritora e produtora Marta Lança (BUALA).

 

No Arquiteturas Film Festival, procura-se representar, a cada edição, documentários, ficções, animações e filmes experimentais com relevância para a divulgação da arquitetura contemporânea, ao nível nacional e internacional. A edição de 2021 não é diferente, tendo sido dividida em três pilares distintos: na seleção oficial, na programação de competição e na programação do país convidado.

 

No dia 1 de junho, o arranque do festival dá-se com o filme “Para Lá dos Meus Passos”, da dupla Kamy Lara e Paula Agostinho, que estarão presentes remotamente no final da sessão. Nesta narrativa, cinco bailarinos de diferentes regiões angolanas exploram os conceitos de tradição, cultura, memória e identidade, refletindo sobre o papel destes pilares na sua imagem e nas suas vidas.

 

Destaca-se, também, a estreia em sala do filme português “Body-Buildings”, realizado por Henrique Pina. Um encontro entre dança, arquitetura e cinema, “Body-Buildings” apresenta seis retratos coreográficos em seis locais portugueses distintos, numa fusão de conceitos e até de identidades. Se no trabalho coreográfico conta com os nomes de Tânia Carvalho, Vera Mantero, Victor Hugo Pontes, Jonas&Lander, Olga Roriz e Paulo Ribeiro, na vertente da arquitetura conta com a participação de Eduardo Souto Moura, Aires Mateus, Álvaro Siza, João Luís Carrilho da Graça, João Mendes Ribeiro, Menos é Mais Arquitectos e Paulo David. Em 2021, esta longa-metragem já conquistou o prémio de Oustanding Achievement no americano Dance Camera West e Melhor Documentário em Madrid, no FilmArte Festival.

 

O Arquiteturas Film Festival apresenta, ao todo, 36 filmes divididos em 22 sessões, de países como Angola, Portugal, Itália, Israel, Alemanha, França, Bélgica, Países Baixos, Polónia, Ucrânia e Canadá. A programação completa e distribuída por dias já pode ser consultada no site do festival.

 

 

Durante o festival, decorre, ainda, uma exposição sobre os cineteatros de Angola organizada pelo arquiteto Afonso Quintã, que inclui material documental original do icónico Cine-estúdio do Namibe (1973-74) projetado pelo arquiteto José Botelho Pereira.

 

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