Nova criação de Vera Mantero mostra que o mundo necessita de “contradição”

Nos dias 18 e 19 de novembro, o Teatro Municipal do Porto (TMP) apresenta, em estreia absoluta, O Susto é um Mundo, da bailarina e coreógrafa portuguesa Vera Mantero.

O espetáculo estará em cena no Grande Auditório do Teatro Rivoli, quinta e sexta-feira, às 19h30.

 

Em O Susto é um Mundo, Vera Mantero recupera a ideia de que a “contradição faz sentido” – característica do pensamento e da cultura ameríndia, defendida pelo antropólogo brasileiro Eduardo Viveiros de Castro – para explorar a relação entre opostos enquanto mecanismo de tolerância indispensável para combater o totalitarismo, fascismo e ecocídio.

Após o espetáculo As Práticas Propiciatórias dos Acontecimentos Futuros (2018), Vera Mantero retomou a colaboração com Henrique Furtado Vieira, Paulo Quedas e Vânia Rovisco, que contou ainda com a performer Teresa Silva. O resultado é um trabalho sobre a subjetividade, as visões, desejos e inquietações destes intérpretes, impulsionado pelo devir que a coreógrafa incorporou aquando a eleição do presidente brasileiro Jair Bolsonaro: “a partir de agora não vale a pena fazer mais nada senão entender o fascismo, trabalhar sobre o fascismo”.

O Susto é um Mundo convoca ainda a noção de ecopsicologia, explorada pelo psicoterapeuta suíço Carl Jung, numa reflexão sobre a relação (sinergética ou não) entre a saúde ecológica do planeta e a saúde mental dos seres humanos, tendo em conta os efeitos do sistema industrial e pós-industrial.

 

photo: Bruno Simão

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