Estreia em Portugal, Maurice Louca está no centro de acção da música mais arriscada vinda do Egipto, ponto cardeal fundamental para cartografar uma comunidade bem povoada de mentes e corpos tão contestatários quanto inventivos.
Desse terreno onde a história colide com um futuro, Louca recolhe matéria para uma música onde a tradição musical egípcia, free jazz, revisitações fusionistas à luz do post-rock de Chicago, minimalismo e notações harmónicas de diversas latitudes se vão encontrando e escapulindo continuamente numa música densa mas aberta a grandes espaços e ideias.
Após uma muito, muito celebrada estreia com “Salute the Parrot” em 2014 pela plataforma da Nawa Recordings, cujo trabalho tem vindo a iluminar alguma da música mais desafiante do mundo árabe, teve os seus últimos álbuns – Elephantine de 2019 e Saet El Hazz (The Luck Hour) já este ano – lançados numa parceria entre duas editoras de história e peso nas músicas mais fora: Northern Spy e Sub Rosa, respeito. Dois álbuns ambiciosos, mas que nunca sucumbem perante a sua magnitude, enlaçam uma complexa rede de músicos, da voz de Nadah el Shazly ao violoncelo freeform de Anthea Caddy, dos libaneses A Trio ao oud de Natik Awayez numa projecção comunal onde diversas músicas e histórias s enredam num discurso fluído e panorâmico.
Música que tanto poderia flutuar no cosmos da Brainfeeder como calcar a terra da Constellation – e Louca colaborou até Sam Shalabi para essa ligação não ser assim tão inusitada – mas que não pede meças a nada a não ser a si mesma, capaz de agremiar sem grandes conjecturas todo o tipo de gentes.
Praticamente uma lenda viva da música de Detroit, DJ Assault toma para si o Aquário da ZDB com cunho bem vincado nas fundações do ghettotech ou booty music. No lado mais festivo e directo do legado electrónico da cidade e género do qual é pioneiro, ao lado nomes como DJ Funk ou DJ Godfather, pega no lado mais cru da ghetto house e na mecânica electro e recolhe daí a energia cinética para um 4/4 acelerado, na cara e em transições constantes – história nos pratos pela via mais celebratória e condensada, sem grandes conjecturas ou conceptualizações, das origens inspiradas nas passagens rápidas do “Wizard” Mills com discos de 2 Live Crew, UR, Ectomorph ou Miami Bass com pitch subido ao máximo até à produção própria deste chefe, e outros, na sua lendária Electrofunk.
25 de Novembro – Maurice Louca
30 de Novembro – DJ Assault