Maurice Louca e DJ Assault a fechar Novembro na ZDB

Estreia em Portugal, Maurice Louca está no centro de acção da música mais arriscada vinda do Egipto, ponto cardeal fundamental para cartografar uma comunidade bem povoada de mentes e corpos tão contestatários quanto inventivos.

Desse terreno onde a história colide com um futuro, Louca recolhe matéria para uma música onde a tradição musical egípcia, free jazz, revisitações fusionistas à luz do post-rock de Chicago, minimalismo e notações harmónicas de diversas latitudes se vão encontrando e escapulindo continuamente numa música densa mas aberta a grandes espaços e ideias.

 

Após uma muito, muito celebrada estreia com “Salute the Parrot” em 2014 pela plataforma da Nawa Recordings, cujo trabalho tem vindo a iluminar alguma da música mais desafiante do mundo árabe, teve os seus últimos álbuns – Elephantine de 2019 e Saet El Hazz (The Luck Hour) já este ano – lançados numa parceria entre duas editoras de história e peso nas músicas mais fora: Northern Spy e Sub Rosa, respeito. Dois álbuns ambiciosos, mas que nunca sucumbem perante a sua magnitude, enlaçam uma complexa rede de músicos, da voz de Nadah el Shazly ao violoncelo freeform de Anthea Caddy, dos libaneses A Trio ao oud de Natik Awayez numa projecção comunal onde diversas músicas e histórias s enredam num discurso fluído e panorâmico.

 

Música que tanto poderia flutuar no cosmos da Brainfeeder como calcar a terra da Constellation – e Louca colaborou até Sam Shalabi para essa ligação não ser assim tão inusitada – mas que não pede meças a nada a não ser a si mesma, capaz de agremiar sem grandes conjecturas todo o tipo de gentes.

 

Praticamente uma lenda viva da música de Detroit, DJ Assault toma para si o Aquário da ZDB com cunho bem vincado nas fundações do ghettotech ou booty music. No lado mais festivo e directo do legado electrónico da cidade e género do qual é pioneiro, ao lado nomes como DJ Funk ou DJ Godfather, pega no lado mais cru da ghetto house e na mecânica electro e recolhe daí a energia cinética para um 4/4 acelerado, na cara e em transições constantes – história nos pratos pela via mais celebratória e condensada, sem grandes conjecturas ou conceptualizações, das origens inspiradas nas passagens rápidas do “Wizard” Mills com discos de 2 Live Crew, UR, Ectomorph ou Miami Bass com pitch subido ao máximo até à produção própria deste chefe, e outros, na sua lendária Electrofunk.

 

 

25 de Novembro – Maurice Louca

30 de Novembro – DJ Assault

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