Madeleine Peyroux regressa com novo álbum “Anthem”

A carreira de Madeleine Peyroux é uma das mais interessantes da indústria discográfica. Oito álbuns e 22 anos desde a sua estreia com “Dreamland”, Peyroux continua a desafiar os limites do jazz, aventurando-se nos campos férteis da música contemporânea com uma curiosidade interminável.

 

No seu novo álbum, Anthem”, que será editado a 31 de agosto, Peyroux colabora com os autores e músicos Patrick Warren (Bonnie Raitt, JD Souther, Bob Dylan, Bruce Springsteen, Lana Del Rey, Red Hot Chilli Peppers), Brian MacLeod (Sara Bareilles, Leonard Cohen, Tina Turner, Ziggy Marley) e David Baerwald (Joni Mitchell, David e David, Sheryl Crow), que são também a secção rítmica do álbum. Juntos, lançam um olhar sóbrio, poético e às vezes filosófico sobre o estado atual do mundo.

Produzido e composto em parceria com Larry Klein, o álbum começou a nascer durante as eleições presidenciais nos EUA de 2016. Estas canções “conscientemente não muito panfletárias” cruzam abordagens políticas com olhares sobre o mundo pessoal de Peyroux. A vida privada e a pública cruzam-se nestas canções, que conseguem um equilíbrio perfeito entre o sentido de humor mais negro e a compaixão.

Anthem é um álbum que nasceu de uma equipa que esteve “unida numa sala, refletindo sobre acontecimentos atuais e deixando que as experiências pessoais estimulassem novas ideias”. A tristeza de David Baerwald após a morte do poeta John Ashbery deu origem a uma série de pensamentos sobre figuras admiradas que fomos perdendo ao longo dos anos, o que resultou no tema “All My Heroes”.

O álbum contém duas versões: do poema “Liberté” de Paul Eluard e do tema que dá título ao disco, “Anthem” de Leonard Cohen, sendo a terceira vez que Peyroux reinterpreta a obra deste poeta icónico.

Rapidamente o tema de Cohen se tornou o “hino pessoal” de Peyroux, uma obra-prima que “uniu todas as histórias do disco”, com uma relevância incomum e uma observação do mundo acutilante.

Um tema chave do álbum é o poema “Liberté” de Paul Eluard, que cativou a atenção de Peyroux quando um familiar lhe pediu para que contribuísse com uma canção para o documentário “Sur La Pointe des Pieds”, contando a história da doença do seu filho e de como a família lidou com a sua morte. Um poema bem conhecido em França, “‘Liberté’ já estava no ar após os ataques de Paris”. O poema surgiu quando Peyroux e Klein tentavam encontrar a música ideal para uma sequência desse documentário. Esse momento evocava questões sobre provação dos pais de “viverem com o conhecimento de que o seu filho não viverá uma vida plena” e desencadeou pensamentos sobre “as maiores questões da vida, como a mortalidade, a superação de adversidades e o lugar do ser humano no mundo”.

O poema de 21 versos foi editado de forma a se enquadrar no formato do álbum. No disco, e interpretado em francês, ‘Liberté’ começa com os versos “Nos cadernos escolares, na mesa da minha escola e nas árvores ”, para transmitir a essência da infância e do crescimento. Continua a tocar na idade adulta, na solidão romântica e nas muitas facetas da vida humana, antes de finalmente falar na doença, na morte e na recuperação.

Anthem é “o maior projeto até à data” de Peyroux, tendo a artista investido muitos meses de trabalho em estúdio, “explorando sons processados, fazendo diferentes misturas.” Apesar de conter várias canções com o estilo único e imediatamente reconhecível de Peyroux, como “On My Own” e “Sunday Afternoon”, o espírito de Anthem prende-se com a exploração de novos estilos, tendo a segurança que “se fores fiel a ti mesmo, existe sempre um fio condutor a unir a tua música.”

 

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