Concluídas as obras de reabilitação do interior do edifício, Lear, de William Shakespeare, com encenação do diretor artístico Nuno Cardoso e tradução de António M. Feijó, será o primeiro espetáculo a pisar o novo palco do São João. Após a pré-apresentação, inserida no programa de reabertura do edifício, a nova produção da Casa estreia-se na íntegra este sábado, 6 de novembro, às 19h00, ficando em cena até dia 20 deste mês.
Em Rei Lear, Shakespeare explora a história de um rei que, ao trocar poder puro por amor ambíguo, abre caminho à tragédia. Stanley Cavell, autor de O Repúdio do Conhecimento, classifica a peça como uma manifestação da cegueira existente nas relações de amor e de poder, com “o amor manifestando-se em gestos de poder, o poder prolongando-se em afirmações de amor”. Lear retrata também a forma como a lucidez e a loucura, muitas vezes em simultâneo, pautam as nossas vidas, assim como a falta de solidariedade na família.
Estes (des)encontros geracionais são personificados em palco, com a reutilização de equipamentos técnicos e de cena, adereços e figurinos de anteriores produções. Também o elenco é exemplo deste reencontro com o passado, combinando atores da companhia “quase” residente do São João com outros que ali fizeram história, articulando tempos, memórias e afetos. Destaque ainda para a participação da atriz Lisa Reis, no âmbito do programa de cooperação com o Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde.
Podendo ser visto de quarta-feira a sábado, às 19h00, e domingo, às 16h00, as récitas do espetáculo contam com legendagem em inglês, tendo a deste domingo, 7 de novembro, também tradução em Língua Gestual Portuguesa. No mesmo dia, após o espetáculo, terá lugar uma nova sessão das Conversas com o Mestre, na qual os espectadores serão convidados pelo dramaturgo e encenador Luís Mestre a refletir sobre aquilo a que acabaram de assistir.