José Cid antecipa triplo álbum de rock sinfónico “Vozes do Além”

José Cid revela o single de “Vozes do Além”, um tratado de rock progressivo em gestação desde os anos 90. “Vou-te Amar para Além da Morte” transforma um poema de Arnaldo Trindade numa balada titânica.

Entre o órgão Hammond e as invocações do Mellotron, poderia parecer que José Cid voltou ao lugar cósmico-musical entre Vénus e Marte. Contudo, não havia em 10.000 Anos Depois uma canção como “Vou-te Amar para Além da Morte”: uma “power ballad” directa, de estádio lotado e isqueiro em riste, sem modulações nem melodramas à Meat Loaf — porque não precisa delas.

 

O meu projecto de vida é surpreender”, diz o artista acerca do single, o único a ser extraído do iminente “Vozes do Além”. Cid não espanta por ter um monstruoso refrão, com potência bastante para encher o peito e as ondas de rádio. Afinal, já são mais de 50 anos a merecer um doutoramento honorário na arte do refrão pop… mas há outras surpresas.

Há algo mais cavernoso e dissonante a acompanhar os versos: um purgatório sonoro ajustado às palavras de Arnaldo Trindade (o fundador da Orfeu, editora que lançou Zeca Afonso, é  um de  vários poetas reunidos em Vozes do Além). “O poema do Arnaldo é de tal maneira sublime, profético… Vem mesmo da alma dele”, confidencia o músico. “É sobre alguém que ele adorou a vida toda. Agarra-se à ideia da reencarnação, para poder estar com essa pessoa.”

 

Para burilar essa ideia, Cid fez-se acompanhar do baixista Pepe (Pedro Soares) e do guitarrista Xico Martins, produtor do álbum. E quem esteve de volta da bateria? Ao ouvir a gravação das baquetas, relembra Cid, Martins teve um choque: “Perguntou-me que baterista do caraças era aquele. Eu respondi: ‘Esta música assinala a primeira vez que vais tocar com o teu filho.’”

 

Apresentam-se ao vivo em dezembro, nos dias 17 (Porto, Hard Club) e 18 (Lisboa, Capitólio), com uma segunda parte dedicada ao mítico “10.000 Anos Depois entre Vénus e Marte”.

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