Guimarães Jazz mantém o ritmo até 20 de Novembro…

A segunda vaga de concertos do Guimarães Jazz 2021 abre já esta quarta-feira, 17 de novembro, às 19h30, com o reeditar da parceria recente do festival com a Orquestra de Guimarães, a qual já deu origem, em edições anteriores, a performances de excelente qualidade musical. Este ano, a formação vimaranense atuará em acompanhamento do Niels Klein Trio, um grupo de músicos alemães da nova geração europeia do jazz liderado por um saxofonista de grande sensibilidade musical e com uma experiência relevante de trabalho orquestral. O projeto em causa, centrado em música composta exclusivamente para trio de jazz e orquestra, pretende explorar as vias criativas proporcionadas pela intersecção de instrumentistas com formação clássica com improvisadores de jazz, cartografando assim os territórios fronteiriços nas margens dos géneros musicais.

 

No dia seguinte (18 novembro), e fruto de uma das recentes vertentes do Guimarães Jazz posta em prática nas últimas três edições – o conhecimento da música contemporânea dedicada à exploração dos territórios mais tangenciais ao jazz – o coletivo Sonoscopia propõe este ano, a partir das 19h30 de quinta-feira, um duo inédito de instrumentos não-convencionais e piano preparado, formado por Henrique Fernandes e Joana Sá, dois músicos e artistas que, com discrição e integridade, têm desenvolvido ao longo dos últimos quinze anos percursos artísticos distintos, embora semelhantes em termos de originalidade, criatividade e pertinência, nas margens dos formatos consensualizados pela indústria musical.

 

O Black Art Jazz Collective surge em palco em formato sexteto na sexta-feira, às 19h30. Esta banda, cofundada em 2012 pelo saxofonista Wayne Escoffery, pelo trompetista Jeremy Pelt e pelo baterista Jonathan Blake, todos eles instrumentistas credenciados do circuito jazzístico nova-iorquino das últimas duas décadas e cúmplices em colaborações com grandes nomes do jazz como Ron Carter ou Wayne Shorter, enquadra-se no grupo daqueles que o fazem com pertinência e integridade. Esta banda destaca-se sobretudo pela sobreposição de narrativas musicais e políticas, homenageando através do poder evocativo do jazz não apenas a herança artística mas também o lastro de resistência política inscrito no património genético da música de raiz afro-americana. Nesse sentido, este projeto chama a si os princípios éticos e estéticos de ensembles seminais do passado, desde logo e com evidente acuidade os lendários Jazz Messengers de Art Blakey.

 

No último dia desta celebração dos 30 anos do Guimarães Jazz, são apresentados três concertos que atravessam a tarde e a noite de sábado. Às 16h00, vamos poder assistir ao duo do trombonista e compositor suíço Samuel Blaser em colaboração com o guitarrista francês Marc Ducret, reconhecido pela crítica jazzística como um dos músicos mais influentes do jazz europeu dos últimos trinta anos. Embora de gerações e com experiências criativas muito diferentes, Blaser e Ducret são ambos músicos de grande virtuosismo e cultura musical, que partilham uma atração pelo risco e pela disrupção das fórmulas impostas pela indústria musical, encaixando perfeitamente numa das principais intenções do Guimarães Jazz enquanto festival que se propõe radiografar as tendências principais da criação jazzística contemporânea.

 

O quinteto liderado pelo pianista e compositor nativo de Chicago Ryan Cohan – que em Guimarães se faz acompanhar por um naipe de músicos de grande nível, entre eles o trompetista Tito Carrillo, o saxofonista Scott Burns, o contrabaixista Lorin Cohen e o baterista George Fludas – apresenta-se pelas 19h30. Duas décadas passadas desde que iniciou a sua carreira na música, este é um digno representante de uma das tendências do jazz do século XXI, centrada fundamentalmente na exploração do jazz através do prisma das suas relações não apenas com a música clássica mas também com a música tradicional de geografias e culturas não-ocidentais. Entre várias facetas musicais que tem desenvolvido ao longo dos anos, Ryan Cohan tem colaborado com inúmeros ensembles de renome mundial e músicos de jazz prestigiados como a Chicago Symphony Orchestra, Freddie Hubbard, Curtis Fuller, Joe Locke, Regina Carter ou Kurt Elling, entre outros.

 

Em 2021, o culminar desta edição do Guimarães Jazz é protagonizado por uma orquestra, como já é tradição no festival, encerrando o seu programa com a apresentação das mais competentes orquestras do jazz europeu, a alemã Frankfurt Radio Big Band. Dirigida por Jim McNeely, um prestigiado e experiente arranjador e diretor musical norte-americano, esta formação regressa ao festival oito anos depois de uma primeira presença com o projeto de interpretação das composições de John Abercrombie, e é desta vez engrandecida pela contribuição da jovem saxofonista chilena Melissa Aldana como solista, que assim se junta a esta festa do jazz que marca também a história de uma cidade e do seu país desde há 30 anos.

 

A segunda semana do Guimarães Jazz é também marcada pelo regresso das estimadas oficinas de jazz que, nesta edição, serão orientadas pelo pianista e compositor Ryan Cohan e pelos músicos que o acompanham em Guimarães – o trompetista Tito Carrillo, o saxofonista Scott Burns, o contrabaixista Lorin Cohen e o baterista George Fludas. Igualmente protagonizadas pelo quinteto de Ryan Cohan, as sempre vibrantes Jam sessions terão lugar, esta semana, no Café Concerto do Centro Cultural Vila Flor. Prosseguem igualmente as exposições “30 anos Guimarães Jazz”, no Palácio Vila Flor, e “60/30”, uma mostra de fotografias que invoca a memória das jam sessions que tiveram lugar na Associação Cultural Convívio e que ocupam um lugar único no coração de todos, de artistas e público.

 

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