Festival DDD “No Palco / Em Casa” consagra a dança numa partilha entre o digital e o presencial

A edição do DDD – Festival Dias da Dança de 2021 resulta de uma resiliência tenaz: depois do cancelamento em 2020, a emergência em levar de novo a dinâmica da dança aos palcos do festival tornou-se ainda mais imperativa.

Assim, entre os dias 20 e 30 de abril, o DDD – No Palco / Em Casa regressa em formato online e às principais salas de espetáculos das cidades do Porto, Gaia, Matosinhos e, pela primeira vez, a Viana do Castelo, numa edição que conta com o mecenato do BPI e da Fundação “la Caixa”.

 

A 5ª edição arranca a 20 de abril com a estreia absoluta de Bate-Fado, da dupla de artistas portugueses Jonas & Lander, agendada para as 19h00, no Grande Auditório do Teatro Rivoli (e online, de 23 a 25 de abril).

No mesmo dia, às 22h00, Room with a View será o primeiro espetáculo a ser transmitido na sala virtual do DDD e uma das estreias nacionais desta edição do festival. A peça, uma criação do coletivo francês (LA) Horde e de DJ Rone com o Ballet national de Marseille, será exibida online, gratuitamente, no site e no Facebook do festival.

 

Também, no dia 24 de abril, será transmitida em antena aberta, às 22h10, na RTP2. O programa encerra, no dia 30 de abril, também com duas estreias: a apresentação ao vivo de SIRI, de Jorge Jácome e Marco da Silva Ferreira, às 19h00, no Teatro Campo Alegre (e online, a partir das 22h00); e com a exibição online (no Facebook e no site do festival), às 21h30, de North Korea Dance, da coreógrafa sul-coreana Eun-Me Ahn, que “regressa” ao festival depois de, em 2017, ter apresentado o espetáculo Dancing Grandmothers no Rivoli.

 

Relativamente ao panorama nacional, o programa — que pode ser acompanhado em formato digital e presencial — assenta na ideia da partilha das criações de várias gerações de coreógrafos portugueses. De um lado, nomes como Victor Hugo Pontes, João Fiadeiro e Carolina Campos, São Castro e António M Cabrita, Sara Anjo e Teresa Silva, Miguel Pereira (com a exibição do documentário Era um peito só cheio de promessas) e Cláudia Dias (com Idoia Zabaleta) apresentam as suas criações mais recentes; do outro, artistas como Catarina Miranda, Ana Isabel Castro (Jovem Artista Associada do Teatro Municipal do Porto), Luísa Saraiva, Renan Martins, que dão a conhecer quatro de seis obras em estreia absoluta nesta edição do festival.

 

Quanto à programação para o espaço público, uma parceria criada em 2016 entre o festival e o Balleteatro, será convertida este ano num CORPO + CIDADE Digital. No total, serão exibidas online seis peças que foram filmadas em diferentes cidades, de artistas como Joana Castro, Ricardo Pereira Carvalho, Isabel Barros com Cláudia Marisa, Max Oliveira e Pedro Carvalho, e as duplas Ana Renata Polónia e Marta Ramos, Andreia Fraga e João Oliveira, Sara Marasso e Stefano Risso.

 

Dia Mundial da Dança assinalado com dois espetáculos ao vivo O DDD assinala o Dia Mundial da Dança, no dia 29 de abril, com vários espetáculos que podem ser vistos, quer de forma presencial quer na sala virtual do festival.

 

Mas, neste dia, o foco incidirá naturalmente nas duas criações que sobem ao palco: a estreia absoluta de Viaduto, às 19h00, no Auditório Municipal de Gaia, um projeto do coreógrafo e performer brasileiro a residir no Porto, Renan Martins, com música de Frankão (online: 29 e 30 de abril); e a apresentação de Os Três Irmãos, de Victor Hugo Pontes que nasce da colaboração entre o coreógrafo e o escritor Gonçalo M. Tavares, à mesma hora, no Teatro Municipal Sá de Miranda, em Viana do Castelo. A mais recente criação do coreógrafo vimaranense pode, também, ser vista no Teatro Rivoli, no dia 26 de abril, e online, de 26 a 28 de abril.

 

Tendo em conta os constrangimentos provocados pela pandemia, o programa internacional desta edição do DDD viverá maioritariamente online. Além das propostas acima referidas para os dias de abertura e de encerramento, serão apresentados dois espetáculos: (B)reaching Stillness (de 21 a 23 de abril), da coreógrafa helvética Lea Moro; e de L’affadissement du merveilleux (de 22 a 24 de abril), da canadiana Catherine Gaudet.

A única excepção é o espetáculo Please Please Please (22 e 23 de abril), que se estreia no palco do TECA – Teatro Carlos Alberto, no Porto. A peça — que resulta da colaboração entre as coreógrafas Mathilde Monnier, La Ribot e o encenador português Tiago Rodrigues — é uma mensagem para as futuras gerações sobre “o que fizemos e não fizemos para preservar este mundo”.

 

O mote expositivo da mostra Para Uma Timeline A Haver genealogias da dança enquanto prática artística em Portugal (V edição), que Ana Bigotte Vieira, Carlos Manuel Oliveira, João dos Santos Martins e Marco Balesteros desenham, é a tradução de um desafio que levou os autores numa viagem cronológica sobre “a genealogia da dança enquanto prática artística em Portugal”, no período centrado entre os séculos XX e XXI.

A exposição está patente de 22 abril, às 19h00, e pode ser vista até 11 de julho, em Serralves – Museu de Arte Contemporânea. Por seu turno, Catarina Miranda propõe Poromechanics, instalação de vídeo que consiste numa coleção de vídeo-retratos de diferentes artistas, apresentados como oráculos. Pode ser vista de 20 a 30 de abril, gratuitamente, a partir do site do festival. Poromechanics é um projeto expositivo virtual criado em relação com a estreia no DDD da sua peça de dança Cabraqimera, que decorre a 28 de abril, no Rivoli, e online, de 28 a 30 de abril.

 

Partindo do desafio de estruturar um conjunto de conversas tendo por base a pertinência das temáticas abordadas nos trabalhos desenvolvidos pelos artistas nacionais programados, a edição deste ano do DDD propõe, nos dias 24 e 25 de abril, um ciclo de conversas online intitulado Dança Iminente. Serão quatro debates que contam com o contributo de artistas, moderadores e instigadores de outras áreas do conhecimento para uma discussão mais ampla sobre questões que as obras suscitam sobre a atualidade.

O eixo das conversas parte, para o efeito, de quatro binómios: Oráculos & Transcendência, Inteligência Artificial & Sensorial, Produtividade & Procrastinação e Hot Bodies & Clubbing. No âmbito das residências artísticas, um dos pressupostos nucleares para a criação contemporânea, o festival contará com a participação de três coreógrafos-intérpretes: Flávio Rodrigues, Raul Maia e Thiago Granato, que, deste modo, estarão em trabalho de pesquisa, investigação e experimentação. Estas residências podem ser acompanhadas à medida que os artistas vão  partilhando os respectivos progressos diários, com recurso a vídeos, textos e sons que estarão disponíveis no site do festival.

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