Competição Internacional IndieLisboa… novos olhares para descobrir ou reencontrar

Está fechada a programação para a Competição Internacional da décima quinta edição do IndieLisboa. Aquela que é uma das mais importantes secções competitivas do evento, propõe uma selecção de curtas e longas metragens de produção recente, que pretendem ser uma montra para alguns dos mais interessantes novos olhares do cinema mundial. Histórias de ausência, reencontros ou perdas familiares, pontes para a actualidade, novas visões sobre as cidades ou a infância são alguns dos universos que ocuparão as telas das principais salas de Lisboa.

Tem sido descrita como a obra prima de Alessia Chiesa, esta que é a sua estreia na longa metragem. El día que resistía é um encantador e lúdico olhar sobre a intimidade de três crianças, que, entre as piadas do dia e a tensão aberta pelo cair da noite, retrata o micromundo paralelo da infância afastada das grandes cidades. Das paisagens bucólicas para a urbe, com Person to Person, a narrativa de Dustin Guy Defa em torno da vida diária de múltiplas personagens nova nova-iorquinas: dos lendários performers Philip Baker Hall e Isiah Whitlock Jr., aos actores Michael Cera e Abbi Jacobson, passando pelos realizadores David Zellner e Benny Safdie.

Bertrand Mandico é provavelmente o mais punk dos cineastas franceses contemporâneos. O IndieLisboa vem acompanhando o seu trabalho e, este ano, estreia a sua primeira longa: Les garçons sauvages, um filme que combina a fantasia, o erótico, o filme de piratas e o body horror para construir uma parábola sobre a identidade de género. Regresso também para Gustavo Vinagre, com Lembro Mais dos Corvos (a primeira longa do realizador) totalmente dedicada à actriz trans Júlia Katharine. Depois de, em 2010, ter estreado em Lisboa Histórias da Idade de Ouro, Constantin Popescu apresenta-se com um thriller emocional que é prova de que o cinema romeno ainda ferve. Pororoca descreve a procura desesperada de um pai que vê a sua filha desaparecida, por entre longos planos sequência que adensam o sentimento de impotência. As relações familiares são também o foco da estreia de Donal Foreman no festival. The Image You Missed, é um documentário a dois tempos, que procura o reencontro com um um pai ausente, porque comprometido com os ideais de uma luta. A mesma ausência de que nos fala 3/4, a segunda obra do realizador búlgaro Ilian Metev, um retrato sobre o processo de adaptação e cura de uma família que perdeu, subitamente, a sua mãe. An Elephant Sitting Still, primeira obra do chinês Hu Bo, é um retrato crú de uma sociedade de egoístas, habitada por pessoas que se desmoronam debaixo da pressão económica numa China a braços com a corrida incessante pelo progresso. Em estreia nas salas portuguesas, um dos títulos mais comoventes da competição, um olhar clínico (e lancinante) sobre o sofrimento humano.

Baronesa, a obra de estreia de Juliana Antunes foi galardoada em diversos festivais e considerada a melhor primeira obra de 2017 por um conjunto de 135 programadores, críticos e cineastas de todo o mundo. O filme, que acompanha o dia à dia de Leidiane e Andreia, oferece um raro olhar feminino sobre as favelas brasileiras. Lista de longas da competição internacional fechada com Il risoluto, de Giovanni Donfrancesco, um filme que condensa as memórias de um ex-membro da Decima MAS, uma das mais violentas milícias do fascismo italiano.

 

A Competição Internacional de curtas volta a ser espaço primordial para descoberta dos novos cineastas, com mais de 30 filmes em estreia nacional. Convite para assistir ao regresso de Céline Devaux e o seu Gros chagrin, obra vencedora do Grande Prémio Orizontti Curta Metragem, no Festival de Veneza 2017 e The Men Behind the Wall, de Inês Moldavski, que conquistou o Urso de Ouro na Berlinale 2018. Em estreia mundial, Doei, de Pien van Grinsven, obra realizada no âmbito de um mestrado com a Lusófona e que nos mostra uma visão da família atípica, dura mas comovente; Trajectory Drift, de Iván Castiñeiras, onde um contentor de mercadorias se transforma numa soturna babel à deriva, e dois homens recordam a história dos seus exílios; Destaque ainda para Amor, Avenidas Novas, de Duarte Coimbra, um filme inteligente e moderno saído da mesma turma da ESTC de onde vimos, este ano, Onde o Verão Vai.

 

Competição Internacional

Longas metragens

An Elephant Sitting Still, de Hu Bo

Baronesa, de Juliana Antunes

El día que resistía, de Alessia Chiesa

Il risoluto, de Giovanni Donfrancesco

Lembro Mais dos Corvos, de Gustavo Vinagre

Les garçons sauvages, de Bertrand Mandico

Person to Person, de Dustin Guy Defa

Pororoca, de Constantin Popescu

The Image You Missed, de Donal Foreman

Three Quarters, de Ilian Metev

 

Curtas metragens

(Fool Time) JOB, de Gilles Cuvelier

A Gentle Night, de Qiu Yang

A Love Letter to the One I Made Up, de Rachel Gutgarts

Afternoon Clouds, de Payal Kapadia

Amor, Avenidas Novas, de Duarte Coimbra

Anina, de Alkaios Spyrou

Area 51, Nevada, USA, Annabelle Amoros

Arr. for a Scene, de Jonna Kina

Beetle Trouble, de Gabriel Böhmer

Coqueluche, de Aurélien Peyre

Dansons maintenant, de Mathilde Buy

Déjalo ser, de Novelo Txema

Doei, de Pien van Grinsven

Eight Images from the Life of Nastya Sokolova, de Alina Kotova e Vladlena Sandu

El cielo de los animales, de Juan Renau

Enough, de Anna Mantzaris

Evidence of the Evidence, de Alexander Johnston

Gros chagrin, de Céline Devaux

Have Heart, de Will Anderson

Histórias de Lobos, de Agnes Meng

Matria, de Álvaro Gago

Moulinet, de Sander Joon

Prends mon poing, de Sarah Al Atassi

Rabbit’s Blood, de Sarina Nihei

Snow White, de Thadeusz Tischbein

Solar Walk, de Réka Bucsi

Standing Nymph and Man, de Milad Hosseini-Mozari

The Good Education, de Gu Yu

The Men Behind the Wall, de Inés Moldavsky

The Splintering Sun, de Rossella Nisio

Trajectory Drift, de Iván Castiñeiras

Tremors, de Dawid Bodzak

Vando Vulgo Vedita, de Leonardo Mouramateus e Andreia Pires

 

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