A Companhia do Chapitô prepara-se para levar a cena a sua nova criação colectiva, a 41ª do seu repertório, que estará em cena de 15 de Fevereiro a 3 de Março. Uma comédia labiríntica e sombria inspirada no universo asfixiante de Jean Genet.
Dois personagens surgem cativos de uma situação enigmática. Os actores que os interpretam parecem deslocados, incertos, alguma coisa não bate bem. À medida que a situação se adensa, começamos a vê-los lutar desesperadamente para escapar à representação daquela ficção, mas sem sucesso. Realidade e ficção tornaram-se indistinguíveis e a única saída é não parar de fazer seja lá o que for que estão a fazer.
Um humor áspero atravessa este predicamento.
Parece que a linguagem perdeu a sua função, as únicas palavras de que dispõem são as de uma breve cena, que termina numa tentativa de assassinato que nunca se concretiza. A partir daí, ou continuam ou deixam de existir. E como continuar a não ser repetindo estas palavras e estes gestos, na esperança de que algo desbloqueie e os liberte deste convívio infernal?
No seguimento do trabalho desenvolvido pela Companhia do Chapitô, procuramos um humor desconcertante nesta espécie de tragédia existencial. Partir de questões que nos assombram face ao absurdo do mundo.
Será que faríamos escolhas diferentes se as nossas vidas se repetissem interminavelmente?
As nossas palavras e gestos sugerem que a vida não é mais do que a repetição de breves eventos com ecos na ficção e vice-versa?
Até que alguém ou alguma coisa chegue e nos desperte? Ou nos mate?