Chico da Tina com novo álbum… “E Agora Como É Que É”

“E Agora Como É Que É”, o novo álbum de Chico da Tina já está disponivel em todas as plataformas digitais e lojas. Revisitando a obra de Chico da Tina, os títulos dos seus trabalhos anteriores dão-nos uma pista bastante clara sobre o que cada um dos respectivos projectos encerra, ou pelo menos a direcção a que parecem querer apontar. Os nomes “Trapalhadas” (2019) e “Minho Trapstar” (2019) põem em relevo um estilo musical (trap) e uma região (Minho). Por sua vez, o nome do último EP feito em colaboração com Tripsyhell, “Lovetape” (2020) – deixa bem clara a temática. O mesmo não podemos dizer deste novo álbum.

 

“E Agora Como É Que É” não nos situa em lugar nenhum, pelo contrário, parece até sugerir uma pergunta. Já a capa do álbum mostra-nos o reluzente relicário de prata que contem os pelos do peito do artista, a par do SD Memory Card com a primeira edição digital deste novo álbum. O relicário encontra-se em leilão online na Cabral Moncada Leilões até 10 de Novembro (Leilão – Cabral Moncada Leilões (cml.pt)) e exposto durante a semana, ou seja, até 5 de Novembro das 10h00 às 18h00 e depois de 8 a 10 de Novembro das 10h00 às 18h00.

 

Terá a egotrip que “Trapalhadas” augurava e que “Minho Trapstar” consolidara atingido agora o seu expoente máximo? Que significado pode ter um relicário pagão, para além da pura idolatria e egocentrismo?

 

“E Agora Como É Que É” é a obra mais mais plural de toda a discografia do artista. Nela há espaço para tudo: aparições do trapstar minhoto de sotaque vincado e língua afiada que se deu a conhecer e que se tornou viral em 2019, como são exemplo as faixas “VianaViceCity”, “Shopping” ou “Resort”; laivos daquele Chico mais misterioso envolto em túnicas e versado em línguas que não existem e que vimos com mais nitidez em “Freicken” (é “Dior Freestyle”, neste novo projecto, a faixa continuadora dessa senda); o Chico amante de plugg trap e de instrumentais mais relaxados marca também presença nas faixas “Ronaldo”, “Chico Uzi Vert” ou “Todo o Dia”; mas também – e esta parece ser uma das novidades – descobrimos um Chico que se despede, acompanhado por uma “banda digital”: bateria, baixo e teclado, num tema tanto surpreendente quanto atípico em todo o seu reportório. Estará a despedir-se do quê, de quem? Da sua carreira? Da sua vida? Do seu disco? O enigma persiste…

 

Outro aspecto que salta à vista em “E Agora Como É Que É”, tanto nos visuais como em alguns dos temas (especialmente em “Nós Pimba”), é uma certa orientação estética de pendor futurista e tecnológico. A centralidade que o relicário assume neste projecto corrobora-o. É que o relicário é – para todos os efeitos – um relicário digital. Nele vemos estrelas e outros pormenores esculpidos que nos parecem remeter para uma dimensão espacial. Também os três artistas convidados – Tripsyhell, VirginGod e Eddy0, colegas de Chico da Tina no colectivo SUPERNOVA SOCIETY – corroboram essa estética futurista/digital em estilos emergentes como o glitchore, hyperpop ou o já referenciado plugg.

 

Longe de ser uma mera recompilação de sonoridades e temáticas revisitadas pelo artista, este novo disco é o culminar desses mesmos registos, agora aprimorados e entretecidos com novos elementos visuais e sonoros.

 

Os concertos de apresentação do álbum “E Agora Como É Que É” acontecem dias 11 de dezembro na Super Bock Arena/Pavilhão Rosa Mota (Porto) e 22 de janeiro na Sala Tejo/Altice Arena (Lisboa).

Contarão com as atuações de: João Não & Lil Noon, Kenny Berg e SYL

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