“Amarilis” é o EP celebração da faceta indie pop dos Sogranora, no poliedro de sonoridades que os concertos ao vivo apresentam e comprovam. “Amarilis” é um trabalho que, sonicamente, sublinha a serenidade e o sentimento de possibilidade de uma tarde com sabor estival; mas, tematicamente, as letras parecem situá-lo entre o desejo de se querer viver despreocupado e a ingrata inevitabilidade da preocupação.
O EP funciona como um luminoso complemento à vertente psicadélica e mais progressiva do anterior EP, “Altivez e Castigo“, lançado em 2020. Desta feita, ficamos a sós com canções que exploram melodias redondas e orelhudas, cuja estrutura mais pop se conjuga com uma involuntária procura de fugir às convenções.
Esse é, de resto, um dos grandes trunfos dos Sogranora: por cima de uma composição agradável e acessível, não deixam de explorar os recantos das músicas, por via de arranjos instrumentais criativos e frequentemente luminosos. Desta vez, há espaço para a presença refrescante de metais de sopro a abrir e a fechar o EP, e até para um arranjo de cordas na emotiva “Cá pra ver”.
Presentes estão ainda os contracantos harmónicos entre as vozes do Ricardo, do Tomás e do Vasco, por vezes em complexos cruzamentos de palavras e linhas melódicas, num encaixe não só satisfatório, mas também encantador, como é o caso em “Mas Talvez” e “Alguém“.
É difícil ficar-se indiferente à forma com que “Amarilis” nos apresenta as angústias, os impasses, os dilemas da vida, com tanta cor e sentido de possibilidade. O EP tem precisamente um sabor a começo de uma longa estrada, para uma banda que tem vindo a angariar o carinho de um público fiel e atento, e que está disposto a acompanhar os Sogranora por todas as sonoridades – mais ou menos pop – que se seguirem.
As datas das primeiras apresentações ao vivo de “ Amarilis ” são já conhecidas. A 26 de maio a banda sobe ao palco do Musicbox em Lisboa. A 2 de junho, os Sogranora atuam na Casa da Música, no Porto.
Photo: Lucas Coelho