Teresa Salgueiro rasga o peito dos portuenses

Ontem, dia 30 de novembro, de 2022, o Teatro Sá da Bandeira recebeu de braços abertos uma das grandes vozes portuguesas.

A voz de Teresa Salgueiro, que associamos sempre ao grupo Madredeus, deu um concerto fabuloso, no Porto. No mês, que celebra 35 anos de carreira, 20 dos quais na banda Madredeus, e os outros 15 em seu nome, voltou a pisar o palco, que marcou a sua estreia, no mundo da música.

O público presente, neste concerto, era um público conhecedor do percurso da artista. As idades eram, acentuadamente, díspares, ora pessoas já com uma idade mais avançada, ora um público mais jovem.

Uma coisa é certa, quem se dirigiu ao Teatro Sá da Bandeira sabia, sem sombra de dúvida, que ia assistir a uma grande performance.

Para este concerto fui sem ideias preconcebidas do que iria poder ouvir, apenas sabia, que uma voz que correu mundo, ia ali atuar, e que eu era uma privilegiada em poder ouvi-la.

O Teatro Sá da Bandeira encheu, já não me lembrava de ver público nos camarotes daquele teatro. Como foi o concerto? Magnífico, Espetacular, Único.

 

Há vozes que nos deixam assim, o tempo à nossa volta fica suspenso, não conseguimos ouvir mais nada, o silêncio na sala, quando Teresa canta é como um prenúncio de que algo muito importante vai acontecer, e temos que ouvir com muita atenção para não perder a informação.

Destaco, sem sombra de dúvida, a simpatia sincera de Teresa Salgueiro, o acordeão, o contrabaixo, e, evidentemente, os convidados, Maria João e Tim, que momentos magníficos.

Maria João, cantora jazz, e dotada de uma capacidade de improviso única. Tim, todos conhecem, da Banda Xutos e Pontapés.

Teresa Salgueiro interpretou três poemas de José Saramago, ou não fosse este ano a comemoração do centésimo aniversário do escritor. A interpretação do poema de Camões, “Aquela Cativa”, foi belíssima, assim como o tema de D. Dinis, do século XIII.

O concerto foi soberbo, a sua voz é única e inconfundível, é tão forte, tão poderosa que dá a sensação que nos rasga o peito de alto a baixo, para ir diretamente ao coração.

Para mim, foi um momento especial, pois conseguir assistir a um concerto desta natureza, na minha cidade, de uma artista que tanto admiro, mas que passa a maior parte do tempo em concertos nos grandes palcos de todo o mundo, é fantástico.

É um concerto para todo o género de público? Não, não quero com isto estar a discriminar ninguém. Não é um concerto em que vamos para dançar, pular e entoar as músicas com o artista, é, sim, um concerto para fruir, degustar, fechar os olhos e deixar que a Teresa nos leve até ao século XIII, a Camões, a Saramago.

Nem todas as pessoas gostam. O público, por norma, quando paga um bilhete “é para tirar o pé do chão”, é para cantar a plenos pulmões, é para ser feliz. O Concerto da Teresa Salgueiro dá-nos uma felicidade, um entusiasmo diferente.

Para quem gosta do género, foi, absolutamente “fantabulástico”, e eu amei de paixão.

 

Reportagem: Ana Cristina

Fotografia: Bairro da Música

Partilha