Teatro Nacional São João “entra” na nova década com duas estreias…

O Teatro Nacional São João (TNSJ), no Porto, dá as boas-vindas a 2020 com duas estreias: Um Plano de Labirinto – um texto de Francisco Luís Parreira, encenado por João Garcia Miguel – e Western Society (na foto), uma produção dos ingleses Gob Squad que se apresenta pela primeira vez em Portugal. O primeiro mês da nova década encerra com Margem, um espetáculo com direção de Victor Hugo Pontes, integrado numa programação que se tem focado em quatro eixos principais: Revolução, Margens, Géneros e Viagem.

 

Um Plano de Labirinto junta, pela quarta vez, as palavras de Francisco Luís Parreira e a irreverência de João Garcia Miguel. O espetáculo – que estará em cena de 9 a 19 de janeiro, no Teatro Carlos Alberto (TeCA) – faz ‘eco’ da diáspora portuguesa no século XX, no Oriente e em África, interrogando-se/nos sobre a verdade e a mentira de muitas histórias recolhidas da “nossa” guerra no Ultramar. Uma delas, exemplar na sua “indiferença à verdade”, conta um imaterial confronto entre soldados de uma patrulha e uma manada de antílopes na savana inexplorada. A peça pode ser vista na quarta-feira e sábado, às 19h00; na quinta e sexta-feira, às 21h00; e no domingo, às 16h00.

 

Western Society é uma odisseia de trazer por casa, onde a civilização do século XXI cabe por inteiro no interior de uma sala de estar. Em palco, reconstitui-se a gravação de um vídeo caseiro de uma reunião familiar, num dispositivo que convoca a participação ativa dos espectadores para refletirem sobre a solidão, o consumismo, a intimidade ou a obscenidade dos reality shows. O espetáculo é uma produção dos Gob Squad, coletivo de artistas fundado nos anos 1990 em Inglaterra, mas que opera presentemente a partir da Alemanha, “habitando” um território em que a banalidade coexiste com a utopia. Western Society pode ser visto nos dias 17 e 18 de janeiro, no TNSJ, às 21h00 (sexta-feira) e às 19h00 (sábado).

 

Até à celebração do centenário do Teatro Nacional São João – que se assinala a 7 de março – a instituição recebe mais cinco espetáculos. O primeiro mês de 2020 “encerra” com Margem, um espetáculo de Victor Hugo Pontes que está em cena entre 30 de janeiro e 2 de fevereiro, no Teatro Carlos Alberto. Um elenco de jovens dos 14 aos 20 anos (mais um bailarino e um ator profissional) encena a violência de histórias de vidas de crianças institucionalizadas na Casa Pia e no Instituto Profissional do Terço. O espetáculo está a meio caminho entre a dança e o teatro documental, movido por uma banda sonora urgente e tribal, num trabalho assumidamente “muito político”.

 

Fevereiro continua com outras produções portuguesas, como é o caso de U – um texto original e encenação de Joana Magalhães, a partir de Ulisses, de Maria Alberta Menéres – e A Dama das Camélias, uma criação de Miguel Loureiro sobre a obra de Alexandre Dumas, filho. Ambas as peças estão em cena entre 6 e 9 de fevereiro: a primeira no TeCA e a segunda no TNSJ. Nos dias 14 e 15 (TeCA), chega MDLSX, dos italianos Enrico Casagrande e Daniela Nicolò – uma performance intensa e desafiadora que junta os universos de Jeffrey Eugenides, Virginia Woolf ou Pier Paolo Pasolini.

No mesmo palco, mas entre 20 e 23 de fevereiro, os espectadores vão ter a oportunidade de ver O Dia do Juízo, uma encenação de Cristina Carvalhal, a partir de Ödön von Horváth.

 

Photo: David Baltzer

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