Samuel Úria e Miguel Angelo foram os primeiros convidados do “Conta-me Uma Canção” 2024

Nascido inicialmente em formato audiovisual, o conceito “Conta-me Uma Canção” teve esta quarta feira, 10 de janeiro, o inicio da sua segunda edição “ao vivo”.

No ambiente único proporcionado por uma das mais iconográficas salas lisboetas, o Teatro Maria Matos, foi lançado o desafio a oito artistas nacionais para exporem a sua visão sobre aquele que se poderá considerar o bem mais valioso da música popular, a Canção.

 

Pouco passava das 21h quando os dois artistas assumiram os seus lugares, recebidos pelos aplausos de uma plateia expectante. Samuel Úria inaugurou a noite com a sua guitarra, cantando “Não Arrastes o Meu Caixão”, seguindo-se Miguel Angelo com “Precioso”, ambas entoadas pelo público presente na sala – um início auspicioso de uma noite que se revelaria especial.

A química entre Samuel Úria e Miguel Angelo em palco era óbvia, mesmo que imprevisível. Ambos contadores de histórias natos, foram partilhando com o público curiosidades das suas canções, composições, histórias do meio artístico que habitam há tantos anos, momentos em que as suas vidas e carreiras se cruzaram directa ou indirectamente. Uma partilha genuína e única, que deu sentido à palavra “intimista”: uma ligação honesta e directa com quem assistia ao espetáculo.

Musicalmente, a noite foi cheia de surpresas, tanto para o público como para os artistas. Samuel Úria tocou “Ferrugem”, do EP “Marcha Atroz”, e Miguel Angelo entoou “Fado do Fim do Mundo”. Pouco depois, Mário Andrade, que acompanhava à guitarra as canções de Miguel Angelo, lembrou que este dia marcava 8 anos da morte de David Bowie. O que se seguiu foi uma versão improvisada de “Space Oddity”, justa homenagem ao camaleão do rock. Este à vontade com a música e a canção levou a mais momentos não planeados, como “Sou Teu Amigo Sim” de Toy Story e “Aquele Inverno”, dos Delfins.

O gosto de ambos em adaptar para português canções originalmente noutras línguas ficou claro quando cantaram “Ultimamente”, versão de “Lately” de Stevie Wonder, ou “Toda a Gente Sabe Que Te Amo”, adaptada de “Everybody Knows (Except You)” dos Divine Comedy. A troca de canções, uma das premissas do “Conta-me Uma Canção”, trouxe-nos interpretações inéditas de “Baía de Cascais” por Samuel, e “Aeromoço” foi cantada por Miguel, tendo ambas acabado em agradecimentos sentidos do autor original, respectivamente. Samuel Úria recuperou para a noite de ontem “Para Perto”, originalmente escrita para o Festival da Canção de 2017 e interpretada pelas Golden Slumbers e Miguel Angelo partilhou “Só Eu Te Posso Ajudar”, que compôs para o filme Zona J (1998). A fechar, eventualmente a maior surpresa deste encontro, numa homenagem à importância das palavras nas canções, juntaram-se numa versão de “Arrocachula”, uma composição de José Mário Branco. Houve ainda oportunidade para um encore, onde artistas e público entoaram “Nasce Selvagem” em uníssono.

Samuel Úria e Miguel Angelo foram os primeiros dois convidados do “Conta-me Uma Canção”. Dia 16 de janeiro as canções a as histórias regressam ao Teatro Maria Matos com Surma e Tomara.

 

📸 Paulo Miranda

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