Salvador Sobral… Um coliseu quase cheio mas que transbordou de música

A estreia de Salvador Sobral no Coliseu aconteceu este sábado, 11 de maio. Um coliseu quase cheio, que transbordou de música ao longo de quase 2 horas de concerto. Inspirado pelo filme de Wim Wenders, Salvador trazia um disco novo para apresentar, “Paris, Lisboa

A inspiração no cinema leva-o a surgir logo no inicio do concerto, sozinho numa das frisas com apenas um foco sobre ele. Rapidamente desaparece e entra pela porta principal descendo demoradamente até ao palco. Acabada esta introdução, as luzes apagaram-se surgindo em palco, atrapalhado pelas cortinas que ainda não tinham aberto totalmente. Salvador Sobral parecia impaciente para começar o concerto.

“Cada canção cada hit”… é a resposta de Salvador Sobral aos aplausos do público em cada música que apresenta. Sempre bem disposto, confessa que descobriu “as cordas por causa de um amigo meu o Caetano”. Estranha quem se refere a músicos como ‘o Zambujo’ assim só por um nome e remata “aqui estou eu a chamar amigo ao Caetano”.  E foi a ouvir Caetano que disse “que um dia ia fazer uma coisa com cordas e aqui estão elas” entrando em palco 3 violinistas e uma violoncelista, assumindo assim o André Rosinha o papel de contrabaixista clássico… “Só mulheres é pela igualdade”, remata. “Grandes Ilusiones”, tema em Espanhol, é a canção que apresenta, segundo o próprio com uma letra Pseudo intelectual.

“Estou a falar imenso mas acho que é suposto na apresentação do disco está no contrato”, provocando risos na sala, Salvador nunca deixa de criar empatia com o público.

Ainda com o quarteto em palco fala da próxima canção, “Estrada Dividida”, canção que “Pedi a minha irmã para escrever uma canção sobre a minha relação com a minha namorada, e liguei para ela e ela é como ligar para a telepizza. Diz lá o que queres que escreva…  passados 50 minutos tinha a canção. Aprovam esta canção se não a gente não grava!”

No final da canção o quarteto de cordas abandona o palco provocando mais uma tirada de Salvador… “As meninas vão se embora. E sempre assim a minha vida.”

“Voces é que estão a puxar por mim eu não queria falar tanto!”, é a resposta ao riso do público. Confessa que teve uma obsessão pela música de Jacques Brel. Esta música, “La souffleuse”, bem podia ser dessa época mas não é, foi escrita pela Jenna Thiam. Seguiu-se no alinhamento as canções “Paris Tokyo II” e “Benjamin”, onde Salvador incitava o público a colaborar com ele.

A meio do concerto adianta… “Chegou um momentos especial. Convidei uma pessoa que conheço a algum tempo que considero amigo/amiga. É muito fácil cantar com ele/ela.” Luísa Sobral era essa pessoa que ele (Salvador) conhece à algum tempo. “Prometo não prometer” e “Só um beijo” foram as canções que Luisa partilhou em palco com Salvador.

Pelo meio, Salvador com a cabeça dentro do piano Yamaha, debita umas rimas, ao bom estilo de hip hop,  acompanhado  unicamente pelo brilhante Júlio Resende.

 

O concerto aproximava-se do final. Salvador preparava o público para esse final. “Na vida tudo tem um final. Aceitem… aceitem… abracem.. abracem… ‘Estejemos’ contentes. ‘Estejemos’ felizes.”. Confessa que tem sido uma grande aventura ter nascido e de ser irmão de uma grande compositora, Luisa Sobral. Confessa ainda que “É muito por ela que tudo isto aconteceu. Espero que ela não cobre. Se não fosse ela não estaria aqui no Coliseu do Porto”.

Remata quando o público reclamou de ser a última canção… “Se não gostarem podem devolver o dinheiro ali à frente”… concluindo… “A gente faz esta última canção e se vocês aplaudirem para caralho a gente volta “

Ay Amor” começa com um canto lírico para dentro do piano. Dá lugar apenas aos músicos em palco e surge sozinho no topo de coliseu a cantar sem microfone enquanto a sua voz se faz ouvir por toda a sala e se dirige para o palco.

 

O encore era inevitável, porque o público queria mais, e muitos ainda não tinham escutado a canção que eventualmente os levou ao Coliseu nesta noite.

Entre em palco sempre mantendo a sua boa disposição a apresenta a primeira das 4 canções do encore… “Vou tocar uma canção nova mas que voces vão gostar. Vamos convidar novamente as meninas” (entra o quarteto de cordas). “Acho que pode ser uma daquelas canções que passa na rádio. Há depois uma caixinha na porta para dizer o que pensam”. E assim se inicia “Amar pelos dois”. No final da canção e com o Coliseu ao rubro remata… “Apesar de o arranjo já existir está foi a primeira vez que está canção foi interpretado assim”.

Salvador e Júlio ficam sozinhos em palco como no inico desta aventura que foi começarem a tocar juntos. Júlio Resende levanta-se e apresenta o amigo Salvador, afirmando que tem sido uma grande aventura muito maior que alguma vez imaginaria. Fizeram 2 coliseus em 3 dias e têm andado lá por fora em locais iguais ao coliseu e o público tem correspondido para ver a magia que o Salvador Sobral consegue dar. Pede uma salva de palmas e o público corresponde rapidamente, dando-se inicio aos primeiro acordes de “Casa Dela” com a voz de Salvador e o piano de Júlio Resende.

Para o final, Salvador Sobral resolve fazer uma roda no meio do coliseu convidando o público para junto dele e acabando com uma invasão do palco. “Anda estragar-me os planos”, a música de Francisca Cortesão e Afonso Cabral, foi o tema escolhido para fechar em grande uma noite em que Salvador Sobral conquistou um Coliseu, adormecido no inicio mas acarinhando o música em constante crescendo.

Ao longo do concerto, Salvador mostrou que é um músico que deixa também brilhar quem o acompanha em palco. Foram vários os momentos em que se retirou para a lateral do mesmo para que os músicos que o acompanham pudessem mostrar também o seu talento. Não fugindo ao seu estilo, mostrou-se sempre irrequieto em palco, com expressões que o caraterizam, mas revelou-se um comunicador nato, que conseguiu agarrar o público presente no Coliseu Porto. Quando pedia a colaboração do público, este mostrou-se ritmado mas num registo tímido que culminou com um crescendo, libertando um dos maiores aplausos obtidos até aquela altura.
“Paris, Lisboa”, o disco novo de Salvador, ganha outra dinâmica com a apresentação ao vivo e solidifca-se como um dos grandes trabalhos discográficos de 2019.

Alinhamento

– Change

– Cerca del Mar

– Pressagio

– Ela disse-me assim

– Grandes Ilusiones

– Estrada Dividida

– La Souffleuse

– Paris Tokyio II

– Benjamin

– Prometo não prometer

– Só um beijo

– Playing with the Wind

– Ay Amor

 

– Amar pelos dois

– Casa dela

– Mano a Mano

– Anda estragar-me os planos.

 

Reportagem e fotografias: Júlia Oliveira

 

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