Revoluções… novo espetáculo de Né Barros estreia no Rivoli

Com estreia marcada para os dias 16 e 17 de novembro no Teatro Municipal do Porto – Rivoli, Revoluções, a nova criação de Né Barros, cruza coreografia, instalação, imagem e música e conta com a participação do coletivo Haarvöl e da Digitópia da Casa da Música.

O que é uma revolução e quais as revoluções pelas quais estamos à espera? Foram questões que serviram de ponto de partida para um espetáculo que se estreia no ano em que se comemoram os cinquenta anos do “maio de ’68”.

 

Neste espetáculo, as revoluções circulam, como uma reverberação, através de camadas de memórias e de evocações artísticas e sociais. Revoluções da dança, da música, sociais e políticas vão despontando em livres cruzamentos e justaposições temporais e temáticos, sem estarem aprisionadas a uma cronologia histórica. “Neste andamento de evocações de mudança íntima e coletiva, o trabalho evolui de uma utopia (corpos movem-se em direção ao lugar onde tudo é possível, o placo) ao trauma (o retorno ao corpo através da nudez), que caracteriza muitas vezes o pré e o pós-revolução”, explica Né Barros.

 

Os três momentos deste projeto artístico são acompanhados pela intervenção do coletivo Haarvöl: no primeiro momento, antecâmara do espetáculo, através do som que se propaga no pré-espectáculo; no segundo, a realidade e a pragmática da ação durante o espetáculo; e, num terceiro momento, o pós-espetáculo, onde a instalação sonora permanece a mesma mas a música difere, evocando a fuga e o trauma. Revoluções conta também com uma seleção musical trabalhada em colaboração com a Digitópia, grupo ligado à Casa da Música. Da evocação de Eno a Reich, passando por Stockhausen, Parmegiani e Cage, a música vai reforçando uma dramaturgia de cruzamento e de deslocação, onde o sonho e o rumor tenham lugar.

 

“Mais ou menos radical, enquanto movimento de mudança as revoluções são atos que fraturam e rompem de forma que já nada será como dantes. As artes estão recheadas de desejos e de ações de mudança de curso, de desvios e de imprevisibilidades que, neste projeto, funcionam também como meta-discursos. As nossas Revoluções procedem pela coexistência de diversas camadas, de acumulações ou de citações, mas também guiadas por enigmas por impulsos e incertezas. Segundo Marcuse, a Arte é revolucionária, mas não no sentido de uma arte de propaganda ou de relação direta com uma realidade social ou politica. A arte é revolucionária porque transporta verdades trans-históricas e nesta autonomia com as relações sociais, a arte rompe com consciência dominante e revoluciona a experiência. Para este projeto, de cruzamento disciplinar entre coreografia, instalação, imagem e música, a dramaturgia não se programou como um drama apaixonado, mas como um dispositivo de distância que nos permita viver as revoluções nas suas multiplicidades históricas e imaginárias”, sublinha a coreógrafa.

 

Revoluções estreia no Teatro Municipal do Porto – Rivoli no fim-de-semana de 16 e 17 de novembro. Depois do espetáculo de sexta-feira, está prevista uma conversa com Né Barros e Rossana Mendes Fonseca. O espetáculo segue, depois, em itinerância, para Ílhavo (23 de novembro, no Centro Cultural de Ílhavo), Braga (22 de fevereiro de 2019 no Theatro Circo) e Coimbra (18 de abril de 2019 no Convento de São Francisco).

 

photo: Pedro Figueiredo

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