Quando a (nossa) privacidade é revelada… junto dos amigos

Em Agosto de 2021, o Teatro Maria Matos em Lisboa estreou a peça “Perfeitos Desconhecidos”, adaptada a partir do argumento do Italiano Paolo Genovese. A peça, depois de deixar Lisboa e antes da sua estreia no Teatro Sá da Bandeira no Porto, no próximo mês de Abril, percorre um conjunto alargado de auditórios de norte a sul do país.
Na passada sexta feira, 18 de fevereiro, foi a vez do Centro de Arte de Agueda receber a produção com encenação e adaptação de Pedro Penim, e que conta com a participação de atores como Ana Guiomar ou Jorge Mourato entre outros.

A sinopse é simples. “Um grupo de amigos de longa data organiza um jantar. A anfitriã propõe um jogo: cada um deixa o telemóvel sobre a mesa e cada mensagem ou chamada que chega é lida e ouvida por todos, afinal entre amigos não há segredos….”

A partir deste desafio ou jogo, as relações entre este grupo de amigos mas não só, seguem caminhos sinuosos e obscuros, onde um mundo de aparências é desconstruído ao longo do desenrolar da peça. Relações amorosas, relações extra conjugais, relações homossexuais e a sua consequente aceitação por parte dos amigos, relação entre pais e filhos, sogros e noras, criam um conjunto de situações trágico-cómicas que tentam de uma forma, por vezes atrapalhada e insegura, resolver e ou explicar os possíveis mal entendidos.

A juntar às armadilhas que chegam via telemóvel, pequenas mentiras descobertas entre os diálogos que principiam uma situação de mal estar entre os presentes no jantar, com um eclipse lunar como pano de fundo. Por mais que as pessoas se conheçam há anos, escondem certas situações umas das outras, por mais ou menos inocentes que aparentam ser.

 

No final, dizer tudo o que se pensa, compartilhar os mínimos acontecimentos diários, enfim, ser absolutamente transparente pode ser um caminho para a tragédia. “Perfeitos Desconhecidos” cumpre na perfeição a função de ser uma comédia agridoce debruçada sobre as hipocrisias escondidas do dia-a-dia da sociedade, e o melhor… é mesmo fingir que o jogo não aconteceu…

 

Reportagem e Fotografias: Paulo Homem de Melo
Agradecimento: CAA Agueda / Força de Produção

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