Vindo de um lugar de antigas enseadas secretas de marinheiros e vastas charnecas batidas pelo vento e pela chuva, “Backwater Collage” é o primeiro álbum solo de James Hoare sob o nome de Penny Arcade.
Apesar de ter trocado Londres pelo país ocidental onde cresceu, o inglês conhece bem o local. Ele vagueia por aí como se tivesse acordado de um sono longo e não tão tranquilo já há algum tempo.
Para este disco sonhador e costurado à mão, Hoare não teve pressa. Talvez porque ele teve que resgatar as suas músicas de várias sessões de gravação marcadas por uma série de contratempos aos quais ele admite, divertido, estar acostumado: multitracks quebrados, gravadores com defeito, bateristas raramente disponíveis morando na capital.
As onze canções íntimas e solitárias que compõem o álbum, entregues na maior tradição de gravação caseira, são, no entanto, produzidas com cautela. James desenrola melodias puras e despojadas em que a sua voz suave e melancólica se mistura com os vocais suaves e quentes de Nathalia Bruno. Solos de guitarra pouco saturados às vezes perturbam a linha musical clara e pouco polida. Entrando a bordo, o amigo de longa data Max Claps adicionou partes de teclado que conseguem abraçar a nostalgia mínima das faixas, evitando qualquer emoção chorosa. Semelhante a Jack Name ou Syd Barrett – só que menos psicadélico – em termos de composição e atmosfera despojada, Hoare está sentado no sofá preto e branco dos Velvet Underground e dá ao seu álbum uma sensação subterrânea. Por vezes inquieto mas ligeiro, desprovido de quaisquer efeitos desnecessários, o disco segue os passos de uns Jesus and Mary Chain menos barulhentos mas igualmente crus e sem adornos.
“Backwater Collage” é editado dia 3 de Maio pela Tapete Records. Em antecipação ao disco, James Hoare lança o single e video “Jona”