Paulo Ribeiro volta com vontade de celebrar a vida e estreia nova criação em Guimarães

A primeira peça que Paulo Ribeiro criou para a sua companhia, há vinte seis anos, foi “Sábado 2”. Foram tempos em que acreditou que tudo seria possível. O mundo prometia abertura, a Europa consolidava um projeto comum e Portugal estava empenhado em tornar-se maior. De sábado a segunda passou um fim de semana e um quarto de século. Para Paulo Ribeiro, “foi belo, foi intenso e, sobretudo, permitiu tornar sonhos em realidade.” Mas o momento atual obriga a algum balanço. Às vezes, à força de fazer, há um olhar que se pode perder num tempo que nos ultrapassa.

 

Segundo o coreógrafo, “’Segunda 2’ é a lógica continuação de um projeto que é obrigatoriamente de autor e que surge do imperativo de voltarmos todos a uma suposta normalidade. Um trabalho individual com o foco no coletivo. É o início da semana, o momento propício para produzir e ir em frente. Aprendemos todos muito com os tempos que a nível global fomos obrigados a (ultra)passar. Voltamos a projetos âncora, voltamos com vontade de fazer melhor, voltamos com a dimensão do sonho e a vontade de recuperar o tempo que ficou para trás. Voltamos com a imensa vontade de voltar a estar próximos, de celebrar a vida, de reencontrar a festa.”

 

Com interpretação de Ana Moreno, Catarina Keil, Margarida Belo Costa, Pedro Matias, Sara Garcia e Valter Fernandes, “Segunda 2” é uma coreografia que se desafia a si própria, que se coloca no limiar da falha que será sempre uma aliada e não uma adversária. Uma peça que convoca algumas memórias de tantas outras e que, nos seus percursos secretos, se inspira em muito daquilo que os tempos nos têm dado. Não olhamos para a falha como obstrução, assim como não olhamos para todos os sonhos desfeitos, os impasses que teimam em ser condição de vida, as dinâmicas culturais, tantas vezes inconclusivas, a tentativa vã de fixar e construir.

 

Também nas palavras do autor, “A dança continua num lugar confinado, mas isso não nos interessa, na próxima segunda tudo vai mudar, se não for na próxima será na outra, ou na seguinte, e para isso acontecer, vamos continuar a desafiarmo-nos, a brincar, a provocar e exorcizar a falha. Vamos ser singulares e coletivos. Vamos reencontrar a festa. Vamos reencontrar o corpo. Vamos continuar a dançar.”

 

“Segunda 2” é uma coprodução d’A Oficina, do Centro Cultural de Belém, do Teatro Nacional São João, do Teatro Viriato e do Cine-Teatro Louletano. O espetáculo estreia no próximo dia 15 de outubro, às 19h30, no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães.

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