Chegámos a Pequim. As luzes do aeroporto desaparecem no horizonte, entre os cardumes de casas que parecem ninguém, os postes da luz fardados de semente de outros destinos e os diferentes sinais de trânsito, que com outra cara significam o mesmo que os nossos.
Uma hospedeira corre tresloucada pelo apeadeiro e grita pelo nosso nome, o que nos obriga virar a cara e a arrastar as malas enquanto ela nos transporta pelo braço até um voo incógnito. Já a bordo, descobrimos que o destino fica algures na América do Sul.
A repousar nos assentos designados a viajantes espontâneos estão folhetos de uma banda – PALMIERS.
Descem uns auscultadores de um compartimento acima das nossas cabeças, colocamo-los consoante as instruções, e somos transportados de continente em continente por uma música feita à medida da topografia que as nuvens ocultam.
Fenómenos atmosféricos aparte, a música acompanha-nos até lugares exóticos que não estão presentes nos globos iluminados dos escritórios dos anos 70 e 80, como se um surfista de Honolulu se tivesse infiltrado numa banda de roqueiros com sincronia alemã e sangue latino.
Ao aterrar, fica a memória de uma viagem que se deseja repetir, de espontaneidade e irreverência, preenchida por um exotismo com sabor a casa e uma energia de paisagem remota aqui, ao sabor dos dedos.
O rock é a base de onde Ricardo Prado (guitarra), Tito Sousa (bateria), Gabriel Costa
(teclados e percussões) e José Silva (baixo) partem em exploração de universos como o krautrock, o tropicalismo, o progressivo e o dreampop.
O álbum tem edição marcada para 20 de Junho de 2020 e está a cargo da Saliva Diva.
É o terceiro lançamento desta editora fonográfica que se pretende afirmar no underground de linguagem universal.