O primeiro Adeus ao homónimo dos Linda Martini…

A banda lisboeta de Rock que comecei a ouvir quando era miúda, num Verão qualquer, esteve na sexta-feira a reunir filas de gente para os verem à entrada Coliseu dos Recreios. Prova de que muito é possível quando se quer embora isto não seja bem assim!

Vocês sabem bem, que os Linda Martini têm algo de especial. Eles criam um som que reflecte, tão bem, a nossa maneira de ser, a nossa melancolia, a nossa raiva, a nossa profundidade. Tudo isto num vale onde se cruzam a tristeza e a sensibilidade do Fado e a agressividade e rebeldia do Rock. Da cintura para cima Amália, do umbigo para baixo Kurt Cobain.

 

Num coliseu cheio, composto por segundas e até terceiras gerações, os que agora são adolescentes e os que têm saudades de o ser, esperava-se pela banda com entusiasmo. Foram chamados a palco durante 20 minutos. Queriam ouvir o álbum homónimo, o que mostrou, em 2018, a cara da tal amiga italiana que deu nome à banda. Os Linda Martini estão a fechar este ciclo nos Coliseus do País. Sim, ainda falta o concerto no Porto.

Às 21h50, o concerto começou com duas faixas do albúm de 2013 – “Turbo Lento” – Febril (Tanto Mar) e “Volta“. Eles estavam alinhados em palco, ninguém atrás, ninguém à frente, apenas lado a lado.

 

“Febril, tenho o sangue a ferver”

“O Fado agora quer ser samba…”

Os Linda Martini foram-nos habituando à sua intensidade e sinceridade. E é assim que gostamos deles. “Panteão” foi a quinta canção da noite imediatamente reconhecida logo nas primeiras notas. O público sabia as letras de trás para a frente. E cantámos todos juntos!

Crowdsurfing, muita emoção e trabalhinho para os seguranças. Alguém tinha um peluche do sapo cocas na mão (porquê?!) e lá estava o mesmo grupinho que vi a vibrar no concerto do Casino da capital, em Dezembro de 2018. O Hélio notou isso, lá estavam os mesmos na primeira fila.

“Boca de Sal”, já do homónimo, significou delirium instantâneo.

 

“Quero tudo ao mesmo tempo”.

 

Até o técnico de som estava a dançar atrás da mesa!

Logo depois o palco abriu-se para “As Putas dançam slows“, canção pertencente ao Marsupial. Para recordar que nem todas as pessoas têm propriamente a liberdade de escolher quem amam… ossos do ofício mais antigo do mundo.

Logo depois, os Linda Martini aproveitaram para apresentar ao Coliseu dos Recreios a nova versão de “Frágil” de Jorge Palma. A fragilidade foi bem interpretada assim como bem aceite.

“Dou-me com toda a gente, não me dou a ninguém”

 Com “Ratos” o público, tão assíduo como energizado, saltou rapidamente. Moche, letras cantadas em uníssono.

“Já te estão a devorar!!!”

Lá pelo meio, o Hélio, senhor dos tambores, apelou a que todos ignorem as mensagens de ódio e, pelo contrário, espalhem e expressem Amor, do príncipio ao fim.

O concerto cujo alinhamento fez um apanhado pelos greatest hits da banda tais como “Amor Combate”, “Dá-me a tua melhor faca” e “O unicórnio de Santa Engrácia” contou ainda com “Quase se fez uma Casa” e “Caretano“.

Mas só porque o amor transborda e é bom estragar o público com mimos, no segundo uncore, onde foi a gritos exigida a elevada a categoria de hino “Cem Metros Sereia“, alguns dos meninos da linha da frente tiveram autorização para subir ao palco e cantar pelos e com os artistas. Foi um momento de comunhão bonito de assistir, especialmente, observar como esta simples frase faz tanto eco:

“Foder é perto de te amar, se eu não ficar perto”

Estamos aqui prontos para vos ocupar todas as casas! Sois lindos, oh Martini!

Fotografias: Sebastião Góis
Reportagem: Magda Costa

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