O poder de Patti Smith no Vodafone Paredes de Coura

O que Patti Smith tem em comum com The Jimi Hendrix Experience, Neil Young ou Lou Reed? À primeira impressão nada, mas todos estes nomes são peças chave da musica e cultura popular norte americana desde os anos 60 e 70. Mas esta comunhão de valores e expressão foi muito mais além na noite de sábado em Paredes de Coura.
Do alto dos seus 72 anos, Patti Smith trazia (mais) um conjunto de mensagens politicas e sociais para expor de uma forma única como só ela o consegue fazer, e sempre através da música. The Jimi Hendrix Experience, Neil Young, Lou Reed ou até os The Rolling Stones e os australianos Midnight Oil, foram alguns dos ‘convidados’ das canções que Patti usou para transmitir a sua revolta ou em alguns extremos a sua ira em relação a problemas que ao fim de 40 anos continuam a manchar uma sociedade que já deveria ser muito mais livre do que apregoa.

Dar o poder ao povo, defendido logo na abertura do concerto com o eterno “People Have the Power”, ou a luta pelos direitos em “Beneath the Southern Cross“ do álbum de 1996 “Gone Again”, Patti sabe que as suas mensagens encontram destinatários e há no público quem esteja ali para as receber a apoiar, servindo de exemplo a reação do público a um simples “Fuck Donald Trump”.

As canções de Patti são a sua arma e quando não encontra nas suas próprias letras a mensagem que quer transmitir, procura na experiencia de outros compositores, o que ela não deixou em legado, exemplo disso é a sua preocupação ambiental usando o tema “Beds Are Burning” dos australianos Midnight Oil, ou até a liberdade de expressão que encontra obstáculos numa sociedade moderna que se apregoa como democrática mas que cada vez mais as pessoas têm necessidades de ser livres, “I’m Free / Walk on the Wild Side” um medley que juntou temas dos The Rolling Stones e Lou Reed.

Este regresso a Portugal foi o culminar dos dois concertos que protagonizou no NOS Primavera Sound em 2015.
Apesar de uma carreira longa, os discos de Patti Smith não abundam, os temas intemporais não são muitos, mas aqueles que perduram no tempo são únicos como “Because the Night” ou “Gloria” este a fechar em Gloria o concerto no Vodafone Paredes de Coura.

Costuma-se dizer que a idade é um posto. Aos 72 anos Patti Smith ocupa o posto mais alto de uma hierarquia musical em constante mutação, adaptando a sua mensagem ao tempo e à época em que continua a brindar o público com concertos únicos e mobilizadores de massas. Patti foi a rainha de um festival que em 2019 teve muitos reis para um trono único, o habitat natural da música.

Alinhamento

People Have the Power

Redondo Beach

Are You Experienced?

Ghost Dance

Beds Are Burning

Dancing Barefoot

Beneath the Southern Cross

I’m Free / Walk on the Wild Side (Medley)

After the Gold Rush

Pissing in a River

Because the Night

Gloria

 

Fotografias: Paulo Homem de Melo

Reportagem: Sandra Pinho

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