O lado obscuro de Angel Olsen no hard Club

As sexta feiras costumam estar associadas às trevas, são míticas as histórias de terror baseadas nas sexta feiras e na carga negativa que as mesmas transmitem. Mas será essa a realidade?
Angel Olsen mergulha regularmente nessas trevas, trevas musicais que transmitem estados de alma, gritos de revolta ou tudo o que de mal se pode associar a um ambiente negativo, bem patente no seu disco de 2019, “All mirrors”

Ontem foi sexta feira… Angel Olsen, a menina cantora de olhar fixo mas apaixonante passou pelo Hard Club no Porto para apresentar os seus espelhos…
Angel é um doce mas ao mesmo tempo uma fruta amarga que usa as canções para destilar o fel adquirido em viagens introspetivas que acumula ao longo do tempo.
Perante um público abrangente que ia dos 8 aos 80 anos, o Hard club, ou melhor o Porto recebeu a diva norte americana de braços abertos neste que foi o seu regresso à cidade que a viu ao por do sol no NOS Primavera Sound em 2018.

De lá para cá a vida de Angel deixou o olhar solarengo de “My Woman”, um grito feminista de emancipação e de afirmação e abraçou o lado mais obscuro em “All mirros”.
All mirros” foi passado em revista praticamente na integra em palco, com as canções a comover um público que escuta atento cada silaba que Angel cantava.
Entre emoções e choro, as canções escuras ganhavam uma luz estranha que entranhava à medida que a noite avançava, mesmo entre as várias faixas etárias do público.
Angel, sempre em harmonia com o público, mostrava o seu lado mais austero entre beijos e palavras simpáticas, entre saudades e ao mesmo tempo vontade de ir embora.
Angel dominava e tinha na mão um público sedento de canções e emoções.

Recupera o album “My woman” levando a crer que iria cantar uma canção que teinha escrito na noite anterior, uma canção triste e banhada em lagrimas e que se iria tornar um grande sucesso.
Ao fim dos primeiros acordes, a canção afinal era “Shut up kiss me”, a canção que em toada mais calma marcou a noite.
Sempre em contagem decrescente para o final do concerto, Angel com o seu ar doce e angelical, tinha um público na mão, debaixo do seu comando e sob as suas ordens. “All Woman” estava no comando e o lado mais espelhado de “All Mirrors” fechava uma noite de afectos mas sem encore, “Chance” surge depois de Angel apresentar a solo um tema inédito ainda sem nome.
Angel é mesmo isso, dura nas palavras, simpática com o público mas sempre mantendo a sua postura directa e feminista, sem dar qualquer “Chance”.

Intro

All Mirrors

Spring

Impasse

Lark

Summer

Tonight

Sister

Sweet Dreams

Shut Up Kiss Me

Windows

Endgame

(Tema a solo em estreia)

Chance

 

A primeira parte esteve a cargo das sonoridades folk de Hand Habits

 

Fotografias / Reportagem: Paulo Homem de Melo

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