Musicadoria chama promotoras de Guimarães ao palco do CCVF

É já no próximo sábado, 2 de fevereiro, que o ciclo Musicadoria arranca com um duplo concerto que junta o projeto nacional Jibóia – que tem um novo disco editado pela londrina Discrepant – e Dada Garbeck, alter-ego do músico vimaranense Rui Souza (do trio El Rupe e Medeiros/Lucas), que irá apresentar o seu disco de estreia, editado com selo da Revolve.

 

Jibóia apresentou-se no início desta década pela mão de Óscar Silva e tornou-se bem claro que a sua música iria beber a diferentes trópicos deste mundo, procurando uma conexão entre climas e ritmos que não obedeceriam estritamente a regras de tempo e espaço. Procurar influências na sua música é um exercício imperfeito, porque ela abre-se de forma cósmica, sem barreiras, à procura de novos sons ao invés de refletir sons que se têm presentes. A partilha é um elemento crucial na criação da música de Jibóia. Nos seus três lançamentos anteriores procurou colaboradores que ajudassem a criar a dinâmica que queria no seu som, trabalhando com Makoto Yagyu (If Lucy Fell, Riding Pânico e Paus) como produtor do primeiro EP, homónimo (2013); Sequin e Xinobi no disco seguinte, “Badlav” (2014); e Ricardo Martins para criar “Masala“ (2016), produzido por Jonathan Saldanha (HHY & The Macumbas, Fujako).

No novo disco, “OOOO”, assumiu o formato banda, e a Ricardo Martins (Lobster, Pop Dell’Arte, BRUXAS/COBRAS, entre outros) juntou André Pinto (aka Mestre André, Notwan e O Morto), para formarem o trio com que atualmente Jibóia se apresenta.

 

Dada Garbeck, também conhecido como Rui Souza, desenha camadas como sedimentos: cada loop inscreve-se na memória, e por lá fica enquanto os synths assentam em novas paragens, com novas texturas. “The Ever Coming” ouve-se num processo semelhante ao de cortar uma montanha e identificar-lhe as camadas, de cor em cor, de acorde em acorde, de progressão em sensação. Cada melodia anteriormente desenhada assenta e harmoniza-se com a próxima, criando a ilusão de sempre terem pertencido ao mesmo espaço, apesar de habitarem momentos diferentes. O disco de estreia do vimaranense, editado com selo da Revolve, vive deste crescendo de diferentes materiais, partindo de um namoro constante com as possibilidades de um sintetizador e construindo por cima das notas que precederam as melodias de agora. “The Ever Coming” não existe em excessos, em que cada novo momento pertence a uma narrativa intricada, em que tons expressionistas, intensos em sensibilidades, preenchem os espaços que a sobeja não tomou.

 

 

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