Mostra de dança do Teatro Viriato rasga fronteiras e preconceitos com programação arrojada e provocadora

Promover infinitas possibilidades de leitura, de relações, de discursos e de apropriação são os objetivos traçados para a 11.ª edição da New Age, New Time. A mostra de dança contemporânea, que acontece de 17 a 27 de janeiro, é um dos marcos da programação do Teatro Viriato e continua a ter como missão apoiar e divulgar a dança contemporânea, coreógrafos emergentes e coreógrafos firmados no panorama nacional.

 

Estéticas diversificadas irão-se cruzar com diferentes disciplinas, durante duas semanas, num desafio constante de olhar o mundo sem complexos e limites, de refletir sobre os diferentes corpos que rasgam fronteiras e preconceitos e ainda sobre as categorizações sociais e políticas intolerantes e limitadoras. “A New Age, New Time é uma referência dentro do panorama artístico nacional. É intenção do Teatro Viriato continuar a realizar esta mostra de dança contemporânea, continuar a apoiar os jovens coreógrafos e procurar novos criadores para lhes dar visibilidade e fazer com que seja possível termos contactos com diferentes trabalhos criativos”, refere o diretor artístico do Teatro Viriato, Henrique Amoedo, reforçando que a NANT “é um evento que pretende esticar a corda, do que vai abordar e de como vai abordar”. “Julgo que essa é também uma obrigação desta programação”. 

 

Cabe a Bruna Carvalho abrir a mostra de dança com “Penumbra”, uma composição a solo que explora a cristalização de imagens no plano da luz e sombra puras. Nesta obra, a coreógrafa questiona-se o que construir a partir da impossibilidade em observar e escutar o corpo na sua totalidade, enquanto elemento externo e de que forma é possível trabalhar o potencial da luz na nossa perceção do mundo.

No segundo dia da mostra, no dia 19, Elizabete Francisca procura enunciar, através de gestos e sons, uma representação possível da geografia política de um corpo não submisso, com a performance “a besta, as luas”.

A Companhia de Dança de Matosinhos, Manuel Tur e Regina Guimarães fazem-se apresentar na NANT, nos dias 20 e 21, com a peça coreográfica “Uma Bailarina Espe(TA)cular”, destinada ao público escolar e a famílias.

Criar uma relação estreita entre cenografia e corpo é o propósito da performance “Cocoon”, de Matthieu Ehrlacher, que chega a Viseu no dia 21 de janeiro. O corpo que a incorpora está dentro do cenário. A transformação do cenário é testemunhada pelo público. Neste objeto o corpo procura a riqueza do seu movimento mínimo e o percurso até à sua amplificação.

Considerado pelo semanário Expresso um dos melhores espetáculos de 2021, “Atlas da Boca(na foto), de Gaya de Medeiros, proporciona uma investigação de dois corpos trans acerca da boca como lugar de interseção entre a palavra, a identidade e a voz, o público e o privado, o erotismo e a política. O espetáculo é apresentado no dia 24.

No último dia da NANT, no dia 27, o Teatro Viriato convida o público, uma vez mais, a quebrar a barreira entre a dança e o espaço marginal do corpo, com um pack de espetáculos que funcionam como uma verdadeira experiência. Três espetáculos que vão habitar três sítios diferentes. “NEON 80”, de Beatriz Soares Dias, abre a noite no palco no Teatro Viriato. Inspirado nos conceitos de cyberpunk, cyberspace, cyborgbody e videogame, este espetáculo enaltece o lado marginal de um corpo, a sua persistência e sobrevivência, a sua oposição às regras e a sua busca por um espaço de liberdade.

Segue-se “Selvilização”, de Catarina Keil e Fernando Queiroz, uma caminhada pelas ruas de Viseu que fará a ponte entre o Teatro Viriato e a discoteca NB Viseu onde acontecerá a última performance da noite.  “Silent Disco”, de Alfredo Martins e Marco da Silva Ferreira, é um espetáculo imersivo que acontece em discotecas, explorando o potencial da tecnologia das festas silent disco.

 

Photo: Rui Soares

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