Matt Elliott inaugura abril do M.Ou.Co. e The Slow Readers Club fecha o mês

The End of Days”… Não é apocalíptico nem premonitório. É tão só o último trabalho de Matt Elliott a prometer ecos enigmáticos para os lados do bairro portuense do Bonfim, na inauguração do calendário de abril do M.Ou.Co.. Acontece logo no dia 1 e é a mais pura das verdades. Trata-se do regresso do guitarrista e vocalista britânico a terras portuguesas, depois da visita que serviu para promover o álbum “Farewell to All We Know”, há pouco mais de um ano.

Matt Elliott volta, desta vez, com meia dúzia de canções, que, diz o promotor, “não são cinzentas, mas também não totalmente negras”, fluindo “entre uma absoluta tristeza e uma provável alegria”. À Matt Elliott, que nos habituou, desde meados dos anos 90, a sonoridades tanto sombrias quanto assombrosas, e que nos teletransportam para um dealbar do apocalipse. “Sempre com aquela voz cheia de graves que ajuda na acentuação das histórias contadas”.

Desta feita, há um saxofone a adensar a atmosfera composta de guitarra e voz, para nos enlear na narrativa. “Continuamos a ouvir, na música de Matt Elliott, a tradição dos lamentos, dos desajustados, das injustiças, da incompreensão que passa de continente em continente, de país para país. Do Fado, ao Blues do Delta, às fanfarras dos Balcãs, à morna de Cabo Verde ou à música Yiddish. Neste Matt Elliott existe este espaço de expansão musical, que retira tudo o que está em excesso. E o que nos resta é apenas pura emoção”, salienta-se.

 

Se abril começará no M.Ou.Co. num ambiente noturnal, fechará no dia 29 com a evocação de uma distopia pós-capitalista e uma sociedade assoberbada por interposta parede tecnológica. E tudo o que ela esconde. Falamos do recentíssimo single (“Modernise”) que The Slow Readers Club, quarteto de Manchester conhecido pelo seu som indie eletrónico, está a usar para acicatar a curiosidade sobre o LP que está na calha, “Knowledge Freedom Power”.

O disco, donde se extrai uma mescla de synth-rock com alt-rock, com lampejos de esperança e resistência – com sonoridades levam muitos a lembrarem-se de Muse, Bloc Party ou até de White Lies -, passará pelo espaço cultural portuense. Com cinco discos de estúdio no percurso e dois álbuns ao vivo, é a primeira vez que os Slow Readers Club se apresentam em concerto de sala em Portugal, pela mão do promotor Os Suspeitos by Mr. November.

A primeira parte da noite fará subir a palco Surma, o projeto musical da leiriense Débora Umbelino, que tem um novo disco, “Alla“.

Já o meio do mês trará ao M.Ou.Co., no dia 15, o virtuosismo de uma das maiores artistas independentes da cena musical carioca e brasileira da atualidade: Letrux. Para um espetáculo que o promotor garante “intimista, astral e poético”.

Antes do concerto haverá lugar para o lançamento do documentário sobre a multifacetada artista, pois que, além de cantora, Letícia Pinheiro de Novaes é também compositora, escritora e atriz. Intitulada “Viver é um frenesi”, de Marcio Debellian, a peça documental (com a duração de 36 minutos) será exibida às 19h15.

Acompanhada de viola e teclas (Arthur Braganti), Letrux entoará no Porto canções dos seus dois aclamados discos “Em Noite de Climão” e “Aos Prantos”, onde se notam as suas influências musicais: Fiona Apple e Caetano Veloso. Um concerto “minimalista na sua essência”, porém de “potência máxima” garantida em perspetiva.

 

Abril é também o mês em que os opostos se atraem no M.Ou.Co.. A sala de espetáculos do complexo receberá um concerto encenado para a infância e, dias depois, o de um coletivo que junta idosos que cantam músicos do rock português. E que muito tem dado que falar!

No primeiro caso, trata-se de Tangerina, um concerto para a infância que, inspirado no livro “A Invenção do Dia Claro”, de Almada Negreiros, empresta vida e sons a palavras. Acontece a 7 de abril (às 17h00) e propõe uma “viagem pelo universo da palavra feita ora prosa, ora poesia, através de um menino que está a falar com a sua mãe”. O fio condutor utiliza a metáfora da tangerina que rola de um cesto até ao mar e, no percurso, descobre novos lugares. E o mundo.

Tangerina transporta um arranjo musical que se identifica com os estilos pop-rock, com harmonias de jazz, música erudita, ambiências sonoras étnicas e, também, de dança/festa. Na senda de Almada Negreiros, a música de Tangerina pretende “ser tão simples quanto sofisticada, repleta de dinâmicas ricas e contrastantes, cores luminosas e vitais”.

As marcas do tempo fazem maravilhas 14 dias depois, a 21 de abril, noite em que sob os holofotes da Sala M.Ou.Co. estará o grupo A Voz do Rock, um coletivo viseense de octogenários, na sua maioria, que há nove anos canta os hits de nomes históricos do rock português. Uma performance musical que, ao romper (mais do que) fronteiras geracionais e ao desafiar estereótipos, celebra acima de tudo o prazer da partilha musical, da vitalidade e da vida com sentido. E alma.

A Voz do Rock é um projeto da multi-instrumentista e compositora Ana Bento, que tem espalhado qualidade por inúmeros palcos (como o da Casa da Música, no Porto). O coletivo participou, por exemplo, no concerto especial de tributo aos Xutos & Pontapés e em diversos programas de televisão, e mereceu já o prémio Boas Práticas de Envelhecimento Ativo, atribuído pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro.

O espetáculo d’A Voz do Rock no M.Ou.Co. contará com a colaboração de Kalú, o baterista dos Xutos & Pontapés.

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