MÁTRIA… a ópera passou pelo Coliseu Porto

Estreou-se ontem, dia 4 de março, pouco passava das 21:00 horas, no Coliseu do Porto, a ópera, MÁTRIA, após ter esgotado, na data da sua estreia, em dezembro de 2021, no Teatro de Vila Real, e também no Teatro Municipal de Bragança, já em fevereiro. Esta obra, cujo libreto é todo ele original, mas todo ele é escrito com palavras de Miguel Torga, retiradas dos diferentes Contos e Novos Contos da Montanha.

 

As minhas impressões, a minha opinião sobre este espetáculo são, que fiquei sem palavras. Foi a minha estreia neste tipo de espetáculo, e como tal não sabia o que esperar. Tinha ideia de que se tratava de uma ópera, só que em português, aliás o próprio título remete-nos para pátria, que por inerência nos remete para terra, língua.

O tema da terra, das pessoas sofridas, que trabalham de sol a sol, na terra, nas vindimas do Douro, na faina do mar, cheio de perigos, no álcool como escape aos males da vida.

 

Adorei, como costumo dizer, amei de paixão, o cenário despido, ao contrário do que eu pensava que iria encontrar. Os figurantes, o povo, , eram o próprio cenário. As personagens principais, o Tio Raúl; o Rodrigo; o Padre; o Abel; o Malaquias: a Filomena; a Lúcia,  também eles eram o cenário. Todos eles excelentes intérpretes, com um desempenho fantástico, fora de série, em palco. Fiquei abesbílica!

Realmente, nós somos muito bons, somos grandes criadores, intérpretes, atores,… Porque é que só valorizamos o que vem de fora, quando nós temos tão bons como, ou melhores do que, neste país que é imenso na cultura, na arte?!

Ainda bem, que muitos já se aperceberam disso, e por essa razão o Coliseu do Porto encheu, para uma grande noite de espetáculo.

Não assistam só ao que conhecem, aventurem-se, dispam-se de ideias pré concebidas e de rótulos obsoletos. Cultura é isto, é experimentar, é espreitar o que não se conhece, é mergulhar de cabeça no desconhecido, para depois constatar que somos para lá de bons naquilo que fazemos.

 

O meu agradecimento ao Fernando Lapa, compositor; ao Ángel Fragua, encenador; ao Jan Wierzba, direção musical; à Cláudia Ribeiro, figurinista; à Eduarda Freitas, libreto; à Ana dos Santos, mezzo-soprano; à Madalena Tomé, soprano; Tiago Matos, barítono; ao Paulo Lapa, entre tantos outros, pelo magnífico espetáculo que me proporcionaram, a mim, e a todo o público, que aplaudiu de pé, de forma entusiasmada esta maravilhosa Mátria, que tão bem retrata o povo português.

Parabéns!

Reportagem: Ana Cristina
Fotografias: Lino Silva

 

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