Nascido inicialmente em formato audiovisual, o conceito “Conta-me Uma Canção” teve esta quarta feira, 24 de janeiro, a última sessão desta sua segunda edição “ao vivo” com as presenças de Márcia e Luísa Sobral.
No ambiente único proporcionado por uma das mais iconográficas salas lisboetas, o Teatro Maria Matos, foi lançado o desafio a oito artistas nacionais para exporem a sua visão sobre aquele que se poderá considerar o bem mais valioso da música popular, a Canção.
As duas cantautoras entraram em palco de mãos dadas, dirigindo-se para o piano para a interpretação conjunta de “Coisas Pequeninas”, com Luísa Sobral a assegurar a instrumentação. De fundo, uma fotografia das duas sorridentes, que levantou o véu para uma noite que foi especialmente pautada pela amizade. Luísa, ainda ao piano, cantou “Pega em Mim”, de Márcia, passando depois para um momento à guitarra onde cantaram juntas “Menina” e “Vai e Vem”.
As artistas começaram por partilhar a história do início da sua relação que já leva 12 anos, a maternidade que as uniu e a proximidade das suas famílias – Luísa Sobral é madrinha de casamento de Márcia e Filipe Cunha Monteiro (a.k.a. Tomara, que protagonizou a segunda noite de “Conta-me Uma Canção” juntamente com Surma). Foi nesta nota que Márcia chamou Filipe ao palco, para tocar consigo a canção “O Teu Lugar”, que escreveu para a filha de ambos. De seguida, Luísa cantou sozinha a sua canção “Para Ti”, durante a qual se emocionou ao olhar para a sua mãe, presente na audiência.
A cumplicidade entre ambas era notória, e essa intimidade proporcionou à plateia momentos de grande boa disposição e gargalhadas, como assistir à conversa de duas grandes amigas permite. Falou-se de amigos, de amor, de família, de filhos e, claro, de canções. Seguindo um rumo já conhecido de quem assistiu ao “Conta-me Uma Canção”, partilharam experiências sobre a escrita de canções, a composição para si mesmas e para outros artistas. A este propósito, Márcia cantou “Maria Jorge”, escrita originalmente para Ana Bacalhau e Luísa Sobral cantou “Não Vás Já”, criada para Mimi Froes. Márcia entoou então a segunda versão da noite, ao cantar “Todos Gozam”, de Luísa, antes de se juntarem para uma interpretação deslumbrante de um clássico: “River”, de Joni Mitchell. Ainda antes do final, a surpresa que Márcia preparou para Luísa: um vídeo com imagens ilustrativas da amizade que as une, que acompanharam uma reinterpretação da canção de abertura, “Coisas Pequeninas”.
O público que lotou o Teatro Maria Matos exigiu o regresso ao palco, havendo ainda tempo para um encore, que abriu com a canção “Serei Sempre Uma Mulher”, que Luísa Sobral escreveu inspirada pelo triste retrocesso social que as mulheres afegãs sofrem, lembrando a importância da solidariedade entre todas as mulheres. A noite encerrou com “Desmazelo”, de Márcia, cantada pelas duas acompanhadas pela audiência, seguida de uma ovação de pé.
📸 Paulo Miranda