M. Ward regressa a Portugal já no mês de maio para dois concertos intimistas, no LAV – Sala 2, em Lisboa, e no M.Ou.Co, no Porto, nos dias 26 e 27, respetivamente.
M. Ward pertence ao grupo de artistas contemporâneos que domina todo o vocabulário da música popular americana, partilhando com Harry Smith e Neil Young valores musicais e humanos de autenticidade e intimidade. A honestidade lírica de Ward e a sua voz têm uma dignidade silenciosa e doce, que no novo “Supernatural Thing” revelam um álbum de coração aberto.
Oito das dez canções do álbum são originais de Ward. Há uma versão de David Bowie, “I Can’t Give Everything Away” de Blackstar, e uma outra, ao vivo, de “Story of an Artist” de Daniel Johnston. Os convidados do álbum – First Aid Kit, Shovels & Rope, Scott McMicken, Neko Case, Jim James, entre outros – são surpreendentes. As vozes das gémeas First Aid Kit em “Too Young to Die” espalham uma leve camada sobre a melodia. Já em “Engine 5” cantam um refrão com sabor a Beach Boys, que soa a hit de verão apesar de ter sido gravado em Estocolmo.
Em 1990, M. Ward ainda era um estudante universitário que escrevia as suas primeiras canções e ensaiava o vocabulário que hoje usa com tanta calma e segurança. “Todas as minhas canções dependem de imagens oníricas até certo ponto”, afirma. “O título (do álbum) Supernatural Thing vem de um pensamento inicial, na minha infância, de que o rádio viajava pelas mesmas ondas que as coisas sobrenaturais – e a música, especialmente a música de que me recordo, está de alguma forma ligada a essa troca”, continua.
“Vejo este novo álbum como uma extensão, 18 anos depois, do meu disco de estreia “Transistor Radio”, mas este novo trabalho é melhor, porque é mais conciso e tem mais vozes e estados de alma – como era a minha rádio preferida e ainda é. A rádio ainda é a melhor maneira de nos conectarmos com o mundo exterior, como (re)descobrimos enquanto estávamos presos dentro de casa, durante a pandemia – muda constantemente nas mãos de alguém distante, que não conheces e essa troca é altamente inspiradora quando se trata de fazer discos”.