Ponto de partida… Luanda, Angola, a terra em tons de terra. Lugar onde a música, as cores e a humidade se misturam num sufoco. Lá, onde o inverno é quente e o sorriso é fácil.
A inspiração surgiu de uma série de memórias preservadas em fotografias de crianças de rua na roda de uma dança que nunca acaba e sorriem quando vêem uma câmara. Misturas explosivas de peças de universos distintos resultam em combinações aleatórias e descoordenadas.
A indiferença em relação ao vestuário, que representa metaforicamente a indiferença a muitos outros aspetos do quotidiano, quando percepcionada por alguém que “vem lá de longe” transforma, inevitavelmente, todo o conceito que tem sobre o que é, ou não, prioritário.
Com forte influência do universo do vestuário desportivo, esta coleção explora diferentes referências de vestuário, materializado no contraste de materiais, cor e acabamentos, tal como em peças divididas entre o direito e o avesso, reflexo dum estado de descontração e desembaraço.
Há sempre um olhar pequenino de pé descalço que nos faz entender que nem sempre os sapatos estão bem calçados. Às vezes, na dança, atrapalham.
Fotografias: Paulo Homem de Melo