Ílhavo abraça novo ciclo cultural com mais criação artística

O 23 Milhas, projeto cultural do Município de Ílhavo, apresenta a nova programação para o início de 2023, que assinala a estreia da direção artística de Jorge Louraço. Contar histórias, incluindo as histórias dos próprios processos artísticos e das diferentes ideias de cultura e de arte, é o mote da programação que passa a estar, maioritariamente, organizada em ciclos temáticos, festivais, oficinas e residências artísticas. Haverá cinco ciclos temáticos, cada um com o seu tema genérico.

No primeiro trimestre realiza-se o ciclo de concertos “78 Rotações – Libertação da Memória Sonora”, que destaca géneros musicais nascidos no influxo atlântico, tais como fados, maxixes, marrabentas e choros, e recupera músicas originalmente gravadas pelas indústrias fonográficas brasileiras e portuguesas da primeira metade do século XX, com arranjos contemporâneos dos maestros brasileiros Jayme Vignoli e Marcilio. Neste ciclo incluem-se os concertos de Clube do Choro do Porto & Patrícia Lestre (21 e 22 janeiro), Valéria Lobão – Canções da Rádio (25 e 26 fevereiro) e Cantos Migrantes, Joana Amendoeira e Terno Carioca (31 março e 1 abril).

Ainda na música, First Breath After Coma e Noiserv (na foto) juntam-se em concerto a 10 de fevereiro; e, uma vez por mês, realiza-se uma Jam Session, resultante de uma nova parceria do 23 Milhas com uma estrutura de ensino da região – a Jobra. Noiserv volta a subir ao palco a 12 de fevereiro, mas desta vez com Mia Tomé, para a apresentação do monólogo musicado “A tristeza já me deu muitas alegrias”, com texto de Luís Leal Miranda.

Que Força é Essa” é um ciclo que abrange espetáculos de música, teatro e dança que versam o tema do trabalho, seja a memória coletiva e o património cultural da indústria, da agricultura e das pescas (inclusive os casos emblemáticos da Vista Alegre, das campanhas do bacalhau e do pão de Vale de Ílhavo); sejam os modos como o trabalho se desloca, se esquece e se oculta na era contemporânea. Aqui inclui-se o espetáculo de dança “[O SISTEMA]”, de Cristina Planas Leitão, uma co-produção 23 Milhas, que se encontra atualmente em residência artística na Fábrica das Ideias da Gafanha da Nazaré, com estreia marcada para 24 de março, no mesmo local. O ciclo integra, ainda, a peça de teatro “Moço da Cola” (24 fevereiro), pela Astro Fingido; o regresso da peça “Monólogo de uma mulher chamada Maria com a sua patroa” (11 março) que esgotou todas as sessões em 2022, agora acompanhada da exposição “Mulheres todos os dias – uma exposição sobre o Sindicato do Serviço Doméstico” (11-31 março), ambas de Sara Barros Leitão. 

 

O ciclo “A Guerra é a Guerra” inclui espetáculos de música, teatro e dança que versam o tema da guerra, seja mais explicitamente a guerra colonial, a sombra da segunda grande guerra ou a guerra como cultura e modo de vida. Inclui-se neste ciclo a peça de teatro “Rei Lear” (25 março), pelo Teatro do Bolhão, com texto de William Shakespeare.

Margem de Certa Maneira” é um ciclo que decorrerá, também, ao longo do ano e que neste trimestre apresenta a leitura participativa “Lacuna no Tribunal do Santo Ofício”, a realizar a 31 de março, Dia Nacional da Memória das Vítimas da Inquisição. No segundo trimestre o ciclo apresentará criações novas dos músicos (mas não só) Chullage e David Bruno.

O 23 Milhas comemorará o aniversário de José Afonso, com o ciclo “2 de Agosto” (data de nascimento do músico e poeta) que se inicia com a OCA – oficina de criação artística Coro da Madrugada, entre fevereiro e setembro, sob orientação de Pedro Almeida e Aoife Hiney.

Ainda em relação a espetáculos com a participação da comunidade da região, neste trimestre destaca-se, também, a OCA “Orquídea”, na área de teatro, com a Companhia Bandevelugo. Ambas as oficinas, de música e teatro, iniciam-se em fevereiro e encerram em setembro, com a apresentação do espetáculo final.

Além da residência artística de Cristina Planas Leitão, já referida, a Fábrica das Ideias da Gafanha da Nazaré receberá alunos de teatro da ESAD IPL, dirigidos por Joana Craveiro, do Teatro do Vestido, com o espetáculo “Mapas que não servem”.

Nos primeiros três meses do ano, destaque, ainda, para mais uma edição do “Territórios Públicos – Encontro Nacional de Serviços Educativos e Mediação”, nos dias 16 e 17 de fevereiro, e do Palheta – Robertos e Marionetas, de 2 a 5 de março

 

photo: Vera Marmelo

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