Festival Para Gente Sentada… As camadas musicais de Nils Frahm

Nils Frahm… talvez um dos nomes mais esperados da edição de 2018 do Festival. Depois de um concerto curto e chuvoso em modo ‘trax’ (como referiu) no NOS Primavera Sound 2018, o alemão Nils Frahm levou na segunda noite do Festival Para Gente Sentada um concerto completo, com inicio, meio e fim.

 

Ao longo de duas horas, Nils, que descobriu o interesse pela música, ainda em criança, decidiu mergulhar o público entre os clássicos musicais de gerações passadas e as novas sonoridades de compositores contemporâneos.
A sua abordagem à música é pouco ou nada convencional, sobretudo quando em palco encontramos entre caixas de ritmos, um piano de cauda.

A sua música segue um ritmo de crescendo com amplitudes sonoras destoantes entre o clássico órgão ou piano e os beats produzidos por um conjunto de caixas de ritmos.
No meio da sua viagem em palco, consegue transformar sons ‘horriveis’ (palavras do próprio) em sons cool, dando como exemplo a ‘pan flute’

Comunicativo acima de tudo, Nils abre o jogo quanto à constução dos seus temas e ironiza com ele próprio ao tentar muitas das vezes justificar a essência das suas peças, ou então se lembrar como a mesma começa.

 

São peças compostas por misturas contemplativas e íntimas, camadas gravadas (ironiza) numa escala hipnotizante e envolvente, levando o público a apoteoses verdadeiramente inexplicáveis.  A sua música, é uma viagem espacial, tão complexa como as suas constantes movimentações em palco.

Simpático e comunicativo, Nils é o elo de ligação de um universo paralelo que surge ao longo de temas de 6 minutos habilmente desconstruidos em palco. “All Melody” é o seu mais recente trabalho, mas a música é intemporal, e Nils sabe disso e construção dos temas é algo que vai aperfeiçoando com o tempo que refere. Quer seja uma batida mias cool, ou o som clássico do órgão da igreja, Nils sabe que as suas peças nunca encontram o final, final esse que é esperado, apenas em palco, pelos temas mais conhecidos do músico. Se no dia anterior e num registo completamente diferente Marlon Williams encontrou o seu espaço, Nils Fraham definitivamente consolidou esse seu espaço no Theatro Circo.
Podia-se dizer que o concerto foi longo, mas quando em palco está um alemão que já partilhou temas com Ólafur Arnalds ou Peter Broderick, todo o tempo dedicado a sentir a sua música (em camadas) é pouco.

 

Reportagem e fotografias: Paulo Homem de Melo

Partilha