Festival Imaterial regressa a Évora para a 3ª edição

Em 2023, de 19 a 27 de maio, o património imaterial nas suas várias vertentes está de volta à cidade de Évora, dentro e fora de muralhas, através de uma programação que inclui propostas culturais diversificadas como música e concertos, cinema, conversas e passeios pelo património, provenientes de vários territórios como Portugal, Marrocos, Georgia, Mali, Burkina Faso, Índia, Irão, México, Burundi, Grécia, Curdistão e Letónia.

 

Além do programa de concertos, que este ano integra uma apresentação da Letónia, país de Liepaja, cidade que partilhará com Évora, em 2027 o selo de Capital Europeia da Cultura, o festival também conta com um painel de conversas e conferências que abordam temáticas em torno do conceito do Imaterial que leva a um processo de reflexão que conjuga o presente com o futuro. A 7ª arte volta a estar representada com um ciclo de cinema documental que pretende ser um local de transmissão de saberes e culturas entre diferentes povos e gerações.

 

Contando com artistas de vários pontos do mundo, Évora celebra, assim, a multiculturalidade e a sua relação com o “património pensado e vivido”, agora já à luz da confirmação da cidade como Capital Europeia da Cultura em 2027, procurando seguir o exemplo das tradições que celebra, e tentando constituir-se uma referência na partilha de conhecimento.

 

O Festival Imaterial, que vai agora para a sua 3ª edição, pretendendo manter-se com periodicidade anual, é uma organização do Município de Évora e da Fundação Inatel, com produção executiva da Gindungo e direção artística de Carlos Seixas.

Durante os 9 dias de programação será possível visitar e conhecer vários espaços da cidade de Évora que acolhem a programação, com concertos de música ao vivo, conferências e conversas, filmes integrados no ciclo de cinema documental, realizar passeios no património e ainda conhecer a personalidade do prémio imaterial de 2023.

Para a Câmara Municipal de Évora, nas palavras do seu Presidente, Carlos Pinto de Sá: “Num tempo em que muros, fronteiras e isolamentos tentam separar-nos do outro, o Imaterial é também um palco aberto para essa noção de que o outro é, afinal, cada um de nós nascido noutra circunstância. É com essa perspectiva e no vagar do Alentejo, que voltamos a apresentar o Festival Imaterial”.

 

Já para a Fundação Inatel, esta parceria de organização faz todo o sentido no programa global de missão da Fundação: “As músicas locais fazem parte da História dos povos, definem-nos e identificam-nos, ajudam a contar as suas vidas e a fixá-las naquilo que têm de único. Sobrevivem através da transmissão direta e fornecem a novas gerações uma cartografia que sinaliza de onde vêm e a herança identitária que lhes é passada”, afirma Francisco Madelino, Presidente da Fundação Inatel.

 

O Imaterial parte dessa noção aguda de que a música existe no espaço e com ele dialoga. De que as culturas se relacionam mesmo quando podem ignorá-lo e de que são organismos vivos, em constante transformação, tecendo uma linha que liga, em permanência, passado e presente.

Uma das áreas culturais de maior expressão na programação do Festival é a música e a programação musical desta edição inclui artistas de várias regiões do mundo como Burkina Faso, Burundi, Curdistão, Geórgia, Grécia, Índia, Irão, Letónia, Mali, Marrocos, México e Portugal. Sendo que integra também artistas de várias gerações, nomeadamente, jovens músicos como Ana Lua Caiano, Kaito Winse, Silvana Estrada, Kadinelia e Danûk.

A abertura do festival ficará a cargo de Huelgas Ensemble, projeto originário da Bélgica, com um concerto único que decorrerá na Sé Catedral de Évora. À abertura do Imaterial, o grupo Huelgas Ensemble traz um espetáculo dedicado a Vicente Lusitano, compositor negro e por muitos considerado o maior compositor português do século XVI, pioneiro na música clássica europeia, e que terá, acredita-se, estudado em Évora. A sua obra, esquecida por muitos, é homenageada na sessão de abertura do evento. Este concerto conta com o apoio do Flanders State of The Art.

De Marrocos chegam-nos os Master Musicians of Jajouka, cuja sonoridade é como encostar os ouvidos a uma música que sopra ao longo de séculos até chegar, finalmente, até nós. Brian Jones, dos Rolling Stones foi quem primeiro mostrou ao mundo a hipnótica e ancestral tradição musical preservada pela família Attar, cujo magnetismo se deve também ao facto de ter sido passada de pais para filhos num lugar remoto.

De Portugal, Ana Lua Caiano, que representa o encontro entre a tradição e a contemporaneidade. É a representação de um Portugal remoto mas também do cosmopolitismo, de um mundo aproximado pela tecnologia numa só voz. A sua música chega ao Imaterial na altura em que lança o seu segundo EP, o muito aguardado “Se Dançar É Só Depois”.

Iberi Choir, chegam da Geórgia, apresentando-se como um grupo que se dedica ao específico canto polifónico georgiano, reconhecido pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade em 2001. Nas suas músicas tiram proveito das características de improvisação típicas deste género musical para recriar, de forma única, temas que fazem parte do património coletivo.

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