O espectáculo “A força (o poder) da palavra – Um canto a José Mário Branco” concebido pelo Canto Nono, tem novas datas para Lisboa e Loulé. Depois de no final do ano passado ter sido anunciada a estreia desta nova produção no Coliseu do Porto a 28 de Abril, o colectivo a capella irá apresentar este espectáculo temático no dia 1 de Maio no Teatro Maria Matos, em Lisboa, e a 13, mais a sul, no Cineteatro Louletano.
Antecipando o que vai ser possível ver e ouvir, será publicado no dia 13 de Abril um single digital com duas das canções que subirão a palco, sendo elas “Ronda do Soldadinho” e “Do que um homem é capaz”, dois temas representantivos da obra de José Mário Branco, A primeira, publicada em 1969; a segunda, integrante do seu último trabalho de originais, o álbum “Resistir é vencer”.
E se esta abordagem pelas oito vozes do Canto Nono contou com arranjos do próprio José Mário Branco na “Ronda do Soldadinho”, e de Diana Gonçalves, membro do grupo, em “Do que um homem é capaz”, o espectáculo contará com ainda com a colaboração a esse nível, de Amélia Muge, António José Martins, Filipe Raposo, José Manuel David ou Tomás Pimentel, coincidentemente colaboradores próximos do autor de “Eu vim de longe”.
Para o Canto Nono, a urgência neste “A força (o poder) da palavra – Um canto a José Mário Branco” justifica-se já que, para além da cumplicidade construída ao longo de duas décadas, José Mário Branco foi uma personalidade marcante da nossa música e da nossa cultura, como compositor, arranjador, cantautor e produtor musical. Uma história feita de canções, de lutas, de valores. Um homem que, dizendo-se pouco social, era socialmente interveniente, sendo que o seu impacto artístico fez-se sentir no domínio discográfico e em actuações ao vivo, de carácter musical ou teatral.
A palavra era uma constante em toda a obra de José Mário Branco, a sua força e o seu poder sobressaem porque, para além de uma simples unidade linguística, é dotada de um profundo sentido e de verdade. Palavras cantadas são o santo e a senha do Canto Nono e é também com verdade que tentam transmiti-las, torná-las cristalinas no verbo e na intenção, consumíveis mas não descartáveis para que, entrelaçadas, adquiram a dureza indispensável ao confronto do quotidiano.
Não vão fazer deste espectáculo, o “Canto Nono” e José Mário Branco, a “Travessia do Deserto“. Vão andar pela “Arcádia” dando um “Recado ao Porto”, perscrutando “A Noite”. Vão dar notícias da “Etelvina” e do seu “Soldadinho”, e também de uma amiga cansada de “Remendos e Côdeas”, porque essas são “As Contas de Deus”. Também vão dizer “Do que Um Homem É Capaz” para que se entenda que é a cantar que se “Mudam os Tempos e as Vontades”. E no final, quem sabe, talvez cada um de nós se tenha tornado, um pouco, aprendiz de feiticeiro.