Inspirada na obra “Estro in Watts”, de João Menezes Ferreira, a peça parte da poesia ligada ao rock e dos seus autores, entre eles Bob Dylan, Patti Smith, Elvis Presley, Johnny Rotten, Leonard Cohen, David Byrne e Laurie Anderson, para explorar a dualidade da palavra do rock e a prática poética.
A cena será ocupada por baterias, pelos corpos dos atores e dos músicos – Ana Brandão, Diana Narciso, Filipe Rocha, Hugo Inácio, Íris Cayatte, Paulo Furtado, Pedro Almendra, Pedro Galiza e Susie Filipe – ligados pela eletricidade dos microfones, ofuscados pelo brilho do metal e distorcidos por filtros vocais. A palco será trazida a palavra do rock, cuja ascensão em Nova Iorque está intimamente ligada aos locais de culto do punk. O público terá, assim, uma rara oportunidade de ouvir em português a qualidade poética das letras associadas à idade do rock entre 1957 e 1980, herdeiras da poesia beat.
Tal como a “Ilíada” ou a “Odisseia” – histórias que se iam contando nas praças de heróis, de guerras e de paixões – o rock usou a palavra poética para falar da vida, da morte, da guerra, de amores e desamores, da solidão, das selvas de betão, da experiência da working class e da opressão, transformando-se numa linguagem universal, na poesia dos tempos modernos. “Estro/Watts” mantém uma forte relação dialógica com as batidas que acompanhavam as tragédias gregas e com a a conceção do evento teatral como um momento de reunião da comunidade. Na idade do rock, o espaço do teatro foi ocupado pelo cancioneiro, que alimentava um grande movimento de massas: fundou-se um novo lugar na esfera pública para a referência política e estética, um lugar que outrora era do teatro.
Depois de adiado em março devido à pandemia de Covid-19, “Estro /Watts – Poesia da Idade do Rock”, uma coprodução com o Teatro Municipal do Porto, estreia no Teatro Rivoli a 6 de novembro, onde estará em cena até ao dia 8. As apresentações acontecem às 21h00 na sexta-feira, às 19h00 no sábado e às 17h00 no domingo, dia em que o espetáculo estará também disponível em live streaming.
O espetáculo segue, depois, para Coimbra onde será apresentado no Convento de São Francisco a 11 de dezembro.
Photo: Luísa Sequeira
