Estreia de “Engolir Sapos” propõe reflexão sobre sapos de loiça e preconceitos

Reflectir sobre preconceitos enraizados na sociedade e sapos de loiça. É este o mote do espetáculo Engolir Sapos, da Amarelo Silvestre, que estreia no Teatro Viriato nos dias 15 e 16 de março.

 

Em Portugal, existem entre 40 e 60 mil ciganos, uma minoria entre as maiorias. Em Portugal, existem entre centenas e milhares de sapos de loiça em estabelecimentos comerciais, uma minoria entre as maiorias dos produtos expostos. Os sapos não são para venda nem para consumo próprio. Os sapos de loiça são para adornar. E para afastar. Ciganos.  “Como que a dizer: caro amigo cigano, aqui não és bem-vindo”, refere o dramaturgo Fernando Giestas.

 

Quem somos nós que construímos sapos, quem somos nós que expomos sapos, quem somos nós que tememos sapos, quem somos nós que engolimos sapos?

“Os espetáculos da Amarelo Silvestre, regra geral, nascem da vontade de reflectirmos sobre a condição humana, sobre a individualidade da condição humana. Poderá haver outras motivações, mas esta é por norma, a questão de fundo. De que é que sou capaz, de que é que sou feito? Quem sou eu num determinado contexto? Qual é o meu lugar?”, explica Fernando Giestas.

O espetáculo foi desenvolvido ao longo de cerca de dois anos, com residências artísticas em diferentes cidades do país, nas quais o dramaturgo efectuou pesquisas vídeos e bibliográficas, reuniu com cidadãos da comunidade cigana, e observou a forma como as pessoas frequentam espaços ou convivem com a exposição de sapos de loiça. Uma dessas residências aconteceu no Teatro Viriato, coprodutor deste espetáculo em conjunto com a Amarelo Silvestre, o Centro de Arte de Ovar e o Teatro Municipal do Porto.

Somos parte de uma sociedade, de um país, mas temos a cabeça para pensar, tronco para tomarmos lugar e membros para espernear. Temos membros para espernear. O que nos faz não espernear sempre que um sapo de loiça nos aparece pela frente?”, reflecte.

 

Engolir Sapos irá um pai e uma filha em palco e sapos de loiça no meio, provocando assim uma reflexão em família.

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