Promovido pela Câmara Municipal da Mealhada, o festival MeaJazz está de regresso. Este ano acontece no Jardim Municipal da Mealhada nos dias 7 e 8 de Setembro, a partir das 21h00.
7 de Setembro
Marcelo dos Reis, Blubell (Brasil), Karlos Rotsen (França) e Synesthesia Sextet (Ucrânia, Brasil, Portugal)
É um dos nomes mais relevantes da música contemporânea brasileira. Blubell começou sua carreira a solo em 2006 com o disco “Slow Motion Ballet”, um trabalho muito bem recebido pela crítica. Já com “Eu Sou do Tempo em que A Gente Se Telefonava” (2011) entrou definitivamente para o hall de artistas independentes da sua geração com direito a uma tournée muito bem sucedida no Japão e a ser a primeira artista solo feminina do Brasil a participar no famoso festival internacional Lollapalooza.
Com o disco de versões “Blubell&Black Tie” (2012) comprovou sua veia de intérprete e ganhou o prémio da Música Brasileira de “Melhor Disco em Língua Estrangeira”. Ao quarto álbum, “Diva é Mãe” (2013), Blubell solidificou seu estilo de composição com canções que mais parecem crónicas saídas da vida cotidiana, misturando amor com humor e pop com jazz. Também com o “Diva é a Mãe”, foi uma das três cantoras indicadas a “melhor cantora pop” do 25º Prêmio da Música Brasileira, ao lado das grandes Gal Costa e Ná Ozzetti.
Em 2015, paralelamente à tournée “Diva é A Mãe”, estreou o espetáculo “Blubell Canta Madonna”, um tributo à rainha do pop com versões jazzísticas de sucessos de todas as fases da carreira de Madonna. Ao quinto disco, “Confissões de Camarim”, com a ajuda do produtor Márcio Arantes, Blubell conseguiu conservar sua veia de cabaré bem humorado com um toque de maior modernidade. O disco tem onze faixas e todas as canções são totalmente de sua autoria, com exceção de “Pretexto” do seu colega contemporâneo Pélico e de “A Tardinha”, uma parceria sua com Zeca Baleiro, que faz dueto com a cantora na música.
Karlos Rotsen, um pianista de jazz natural da ilha Martinica (França) mas que fez grande parte da sua formação musical em Cuba. Na bagagem traz o seu álbum de estreia, “Bon-Air“, com sonoridades de jazz caribenho.
Synesthesia Sextet, Vitória Wilkens na voz, Diana Sampaio no saxofone, Duarte Ventura no vibrafone, Dmytro Ksheminskiy no contrabaixo, André Pequicho na guitara e Paulo Silva na bateria. Este ensemble de jazz foi o vencedor da 16ª Festa do Jazz, em março de 2018, onde concorreram todas as escolas a nível nacional. Destaque ainda para Duarte Ventura, considerado o melhor músico 2018 pelas escolas secundárias e Paulo Silva pela conquista de uma menção honrosa.
Marcelo dos Reis é uma voz proeminente da nova geração de improvisadores europeus. Toda a sua obra tem sido amplamente aclamada e além de todo o reconhecimento, foi nomeado um dos cinco melhores guitarristas por dois anos consecutivos na publicação El Intruso, no Anual Internacional Critics Poll, que reúne jornalistas de 18 países diferentes. Em 2017 foi considerado músico do ano pela revista jazz.pt.
A sua abordagem idiossincrática à guitarra coloca-o como uma das figuras- chave da nova música portuguesa. Dos doze discos editados, todos eles são aclamados pela crítica especializada nacional e internacional. Trabalha a solo e em grupos como Pedra Contida, Open Field, In Layers, Frame Trio, em duo com Luís Vicente e Eve Risser, Chamber 4, Staub Quartet e Fail Better!, estes últimos três, considerados projectos revelação pela imprensa internacional. Para além dos seus projectos, já partilhou o palco com dezenas de músicos, em salas e festivais, um pouco por toda a Europa.
8 de Setembro
Fanny Roz (França), Léo Middea (Brasil), Susana China e Orquestra Smooth
Era uma vez uma menina chamada Fanny Roz. Ela cresceu entre as árvores, casas, caminhos de caracol e grandes prados. Todas as noites adormecia embalada pelos sons de melodias clássicas que os seus pais cantavam, a duas vozes, e ela guardava como um tesouro todas as essências, odores e paisagens de um mundo, porque sabia que um dia as converteria em canções da sua vida. Um dia, quando tinha seis anos de idade, experimentou as teclas de um piano, deixou a sua voz pousar sobre os acordes que ouvia e viu sair o que sempre carregou dentro dela. A partir desse momento Fanny Roz percebeu que não podia voltar atrás. Uns anos mais tarde Fanny Roz descobriu o jazz e teve as suas primeiras experiências jazzísticas na cidade de Toulouse.
A sua seguinte aventura levou-a ao Chile. Aqui apaixonou-se pelo deserto, pelas praias e sobretudo pela língua castelhana. Este amor levou-a com destino a Barcelona, em Espanha, onde para além de estudar canto, composição e piano, conheceu pessoas que foram uma grande inspiração. O disco de estreia de Fanny Roz, “Prend son souffle et saute”, foi editado em 2012 e foi acolhido de forma muito entusiasta tanto pela crítica como pelo público. Era grande a expectativa pelo regresso da compositora e pianista aos registos discográficos, o que aconteceu em 2017 com “Grand Décor”. Mais uma vez Fanny Roz voltou a encantar: “Le grain de folie d’une Olivia Ruiz, l’envoûtement D’une Emily Loizeau, le swing de Caravan Palace, l’atmosphère des triplettes de Belleville chanté par M. Sans retenue donc, je plonge facilement dans ce Grand Décor…”, descreve o Break Musical
Querendo sempre transparecer na sua música as suas vivências pessoais, os temas que aborda vão acompanhando a sua história como uma fotografia. As suas músicas falam das suas viagens, dos medos, das paixões, dos sonhos, dos desgostos e de tudo mais que está inerente à vida de qualquer pessoa. A sua maior vontade é mostrar ao mundo as suas raízes, os ritmos que correm nas suas veias e as palavras que descrevem o seu caminho até então. Em 2014, lançou o seu primeiro álbum, “Dois”, e imediatamente recebeu um convite para uma extensa digressão na Argentina, fazendo 28 concertos entre janeiro e março de 2015. Após o seu regresso ao Brasil, em março de 2015, conheceu o produtor musical Peter Mesquita, com quem gravou o seu segundo disco, “A Dança do Mundo” (2016). Este álbum foi o culminar de todas as experiências que Léo Middea adquiriu com as suas viagens por diversos países. O disco foi lançado em março de 2016, após um encontro mundial de cultura na Índia, e em poucos meses conquistou lugar em diversas seleções de melhores discos do ano e obteve críticas incríveis tanto pela imprensa brasileira e portuguesa.
A Orquestra Smooth é composta por 12 múscos da Região Centro: Alexandre Madeira, Filipe Teixeira e João Silva nos saxofones; Adriano Franco e Cláudio Batista nos trompetes; Rui Costa no trombone; Diogo Vidal nas guitarras e voz; Cândido Malva no piano; Carlos Borges no baixo; Rui Lúcio na bateria e voz; Ricardo Barros nas percussões e voz e Sandra Pereira na voz. Do vasto repertório que interpreta destacam-se os grandes clássicos das orquestras de jazz norte-americanas e passa em revista temas de Glenn Miller, Ella Fitzgerald, Chet Baker, Benny Goodman, Louis Armstrong, Duke Ellington e Billie Holiday, entre outros.
Susana China, cantora e compositora, apresenta o seu primeiro álbum, “Trapézio“, que surge da vontade de partilhar composições e criações que ao longo do tempo foi escrevendo e guardando. O fio condutor deste trabalho revela-se na história de cada tema, em que cada um encerra outras histórias que a complementam, ora com palavras, ora com sons ou com vocábulos que não precisam de palavras para se fazerem viver.
Com formação em Jazz, música improvisada e Bossa Nova, Susana China promove naturalmente neste primeiro trabalho a passagem por estas sonoridades, que constroem e incorporam a sua própria linguagem. Contudo, e porque a realidade da tradição portuguesa do fado e da melancolia não lhe são alheias, fragmentos da carga emotiva de alguns dos textos estão ligados a essa estética musical, promovendo uma interação de linguagens aparentemente opostas, mas com tantas subtilezas e simetrias em comum. “ Trapézio” assume a utilização da voz como qualquer outro instrumento, nas melodias com e sem palavras, em solos e na duplicação de melodias com outros instrumentos. Tal como o nome deste projeto indica, esta voz “viaja num arame” e partilha com uma rede de instrumentistas a realidade de criar, compartilhar e usufruir da música sem rótulos nem limites impostos.
A entrada é gratuita.
