Dois nomes de culto da música instrumental em Portugal atuam esta quinta no gnration

Em véspera de feriado, expoentes da música instrumental psicadélica feita em Portugal encontram-se em Braga para uma noite que se adivinha memorável.

“Tinham Black Bombaim, comprei dois pacotes e enrolei um joint a acompanhar o café”, canta Adolfo Luxúria Canibal em “Amesterdão (have big fun)”, tema dos Mão Morta, onde Tojó (baixo), Senra (bateria) e Ricardo (guitarra), se inspiraram para dar nome ao trio que nasceu na então efervescente Barcelos.

Os Black Bombaim tornaram-se num dos grupos alternativos portugueses com maior culto dentro e, paralelamente, fora de portas. Após a estreia com um EP homónimo, o trio instrumental conquistou rapidamente a atenção global com o longa-duração “Saturdays & Space Travels” (2010). Dois anos mais tarde e inúmeros concertos depois, voltariam a surpreender com “Titans” ( 2012), disco que conta com diversos convidados, entre eles Steve Mackay (The Stooges), Noel Von Harmonson (Comets On Fire) e Isaiah Mitchell (Earthless), este último que juntar-se-ia novamente ao grupo para um concerto imortalizado em disco.

A completar a respeitável discografia dos Black Bombaim encontram-se ainda discos com os conterrâneos La La La Ressonance e o mago saxofonista alemão Peter Brötzmann. No gnration, acabados de chegar de uma segunda presença no conceituado festival Roadburn, onde desta vez estiveramacompanhados por Brötzmann, os Black Bombaim vão apresentar um pouco daquilo que têm vindo a fazer e melhor sabem: a mestria corpulenta de longos temas de rock psicadélico

 

Outros autores de mestria singular, a armada tribal liderada por Jonathan Uliel Saldanha completa o outro lado da noite. “Beheaded Totem” de 2018, o novo disco dos HHY & The Macumbas, é o mote para o regresso a Braga.

Donos de uma linguagem sonora cada vez mais própria, este “laboratório de ritmo”, tal como Uliel Saldanha descrevera, pauta-se por uma solução nada expectável de música eletrónica, percussão e metais. Ao imposto ritmo tribal de João Pais Filipe, Brendan Hemsworth, Filipe Silva e Frankão, juntam-se os sopros de André Rocha e Álvaro Almeida, septeto que se completa com a difusão eletrónica de Saldanha. Dez anos após a sua formação e quatro após a estreia com o aclamado Throat Permission Cut (2014), é com “Beheaded Totem” que o grupo sediado no Porto se afirma como um dos mais interessantes projetos sonoros surgidos em Portugal nos últimos anos, algo que nesta noite tratarão de reafirma

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