Uma programação que celebra os 50 anos do 25 de abril, óperas emblemáticas e contemporâneas, bem como muita música estão entre os destaques da programação do Coliseu Porto. Até dezembro, esperam-se cerca de 160 espetáculos, entre concertos de todos os géneros, bailados, teatro, ópera, dança, comédia, espetáculos infanto-juvenis e o identitário Circo.
A programação própria vai focar-se nas produções nacionais líricas, nas parcerias com os festivais da cidade (cinema, dança, circo e teatro) e em datas incontornáveis como os 500 anos do nascimento de Luís de Camões e os 50 anos do 25 de abril. A sala que recebeu Humberto Delgado em 1958, vários comícios opositores à ditadura e ainda o último concerto da carreira de Zeca Afonso associa-se às celebrações da Revolução dos Cravos com várias iniciativas ao longo do ano.
Um dos destaques vai para a evocação dos 40 anos do último concerto da carreira de Zeca Afonso. No dia 25 de maio de 1983, José Afonso subiu pela última vez a um palco, no Coliseu da cidade do Porto, rodeado de muitos amigos. A seu pedido, todos os bilhetes tinham o preço único de 500 escudos, o equivalente a 2,50€, e esgotaram muito antes, tal era a vontade de homenagear o autor de “Grândola, Vila Morena“. Em parceria com a Associação José Afonso, o Coliseu apresenta, no dia 29 de junho, um concerto evocativo da obra de um dos nomes maiores da música portuguesa, no ano em que se celebram 50 anos desde que “Grândola, Vila Morena” passou na Rádio Renascença, confirmando a Revolução.
Nos dias 23 e 24 de março, o palco do Coliseu recebe outro nome fundamental: Sérgio Godinho, acompanhado pelos Assessores, apresenta o concerto “Liberdade25”, numa nova visita ao seu repertório mais politicamente engajado, de onde sobressai a canção “Liberdade” composta para o álbum “À Queima Roupa”, de 1974.
Os Mantras do Coliseu, que desde abril de 2023 enriquecem a agenda de grandes espetáculos com momentos de reflexão e discussão dos mais variados temas, vão passar três meses a discutir os valores de Abril. A 28 de março, o Coliseu associa-se à editora Zigurate, de Carlos Vaz Marques, para apresentar um encontro de escuta das canções da revolução e um debate sobre a situação política e cultural que antecedeu o 25 de Abril.
“Aprende a Ouvir, Companheiro” faz parte de um ciclo de apresentações de “A Revolução Antes da Revolução – O ano que mudou a música popular portuguesa”, novo livro em que Luís de Freitas Branco faz um levantamento rigoroso acerca do papel da música no derrube da ditadura, com a publicação, durante o ano de 1971, de discos emblemáticos de músicos como José Mário Branco, Sérgio Godinho, Adriano Correia de Oliveira ou Carlos Paredes. A sessão no Coliseu será dedicada a ouvir o disco “Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades”, de José Mário Branco, e a recordar, com convidados a anunciar em breve, o fervilhar cultural que antecedeu a Revolução, entre 1971 e 1973.
Também inserido nos Mantras do Coliseu terá lugar, a 23 de abril, um debate sobre o tema que teima em não sair da ordem do dia, e sobre o qual é especialmente útil (re)pensar nos 50 anos da Liberdade: os limites e a liberdade do humor. O painel será composto por alguns dos principais humoristas nacionais.
De 13 a 18 de maio, os Mantras convocam ao pensamento sobre as Migrações, através de um ciclo de cinema, em parceria com o Porto/Post/Doc, várias conversas e de um debate alargado. A seleção engloba filmes capazes de potenciar um diálogo com o público, de cinco cineastas bastante conhecidos do público português e filmes premiados e reconhecidos pela crítica internacional. Entre os filmes selecionados estará “As Melusinas à Margem do Rio”, de Melanie Pereira (2023).
A programação Mantras do Coliseu do primeiro semestre encerra a 10 de junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, assinalando os 500 anos do nascimento de Luís de Camões em parceria com Gonçalo M. Tavares. No início do ano, o escritor propôs-se distribuir as 1102 estrofes d’“Os Lusíadas” por 1102 cidadãos, dos 7 aos 87 anos de idade, levando gerações diferentes a gravarem a sua voz a ler o mesmo livro. As gravações dos 10 cantos d’”Os Lusíadas” serão depois espalhadas por 10 espaços da cidade do Porto, acessíveis através de códigos QR. A 10 de Junho, debateremos a importância de Luís Vaz de Camões e da sua obra, da língua portuguesa e das novas linguagens.
Na melhor sala de ópera do Norte do país irão ser apresentados quatro espetáculos de referência. O primeiro, “Madama Butterfly”, de Giacomo Puccini, apresenta-se já esta sexta-feira, 1 de março, às 20h00. Após um interregno de cinco anos, o Coliseu e o São Carlos voltam a unir-se para apresentar no Porto parte da programação operática de referência do único teatro nacional de ópera.
A 5 de julho terá lugar a estreia no Porto de “It’s Not Over Until The Soprano Dies”, uma ópera feminista onde a companhia Mala Voadora se propõe, com a Orquestra Metropolitana de Lisboa, recriar os finais de óperas em que as personagens femininas morrem de forma trágica. Centrando-se nessas personagens e nas árias que cantam, o público é conduzido pela vertigem dessas mortes. Nesta encenação de Jorge Andrade salta à vista que, se é verdade que muitas óperas acabam de forma trágica, as mortes femininas são pautadas por particular crueldade: esfaqueadas, queimadas, envenenadas, afogadas.
A 26 de setembro, acontece a grande estreia de uma das mais populares óperas do repertório ocidental: “O Barbeiro de Sevilha”, numa nova produção encomendada pelo Coliseu à Ópera na Academia e na Cidade, dirigida pelo maestro Ferreira Lobo. A mais famosa das óperas cómicas de Rossini, “O Barbeiro de Sevilha” centra a sua história em Fígaro, um barbeiro em Sevilha que sabe todas as histórias da cidade e que acaba por se intrometer nas vidas alheias: arranja casamentos, ouve confissões e espalha boatos.
A 13 de novembro, o Coliseu associa-se à primeira edição do FIATO – Festival Internacional de Arte e Ópera do Porto para apresentar a versão encenada de “Maria da Fonte”, o segundo título recuperado pelo Laboratório de Ópera Portuguesa, criado em 2022 e sediado no CCB. Com direção musical e edição de partitura do maestro João Paulo Santos, “Maria da Fonte” foi escrita por Augusto Machado e é uma opereta cómica e satírica que apresenta a heroína popular como uma mulher intensa, corajosa e com consciência social. Desconhecendo-se o paradeiro do libreto original, o encenador Ricardo Neves-Neves escreveu um libreto a partir das partes que constam da versão musical.
Para levar a música clássica aos mais novos – os públicos da ópera e de tantos outros espetáculos no futuro -, regressa o ciclo Concertos Promenade. O conceito, iniciado em Portugal pelo Coliseu, foi recuperado em 2021 e continua a ser uma aposta ganha, quer na formação de públicos, quer na criação de oportunidades de atuação e visibilidade para jovens talentos nacionais. Um domingo por mês, em ambiente descontraído, miúdos e graúdos são convidados a entrar no ambiente das obras e a descobrir todas as curiosidades, com os comentários do musicólogo Jorge Castro Ribeiro e o design multimédia de Sara Botelho.
Com direção artística do maestro Cesário Costa, o novo ciclo vai incluir obras emblemáticas como “Romeu e Julieta”, de Tchaikovsky, “O Bolero”, de Ravel ou “Um Americano em Paris”, de Gershwin, mas também um concerto dedicado às Canções da Liberdade, três dias após o 25 de Abril, e um convite especial à cantora e compositora A Garota Não. O primeiro Concerto Promenade acontece a 24 de março: Pulsat Percussion Group apresenta “…Até ao Mar”, uma viagem musical baseada na curta-metragem infantil “Paddle to the Sea”.
O trabalho em rede com os festivais da cidade mantém-se em 2024, materializando-se em projetos ponderados e adequados à escala e dimensão da sala, de modo a fomentar o cruzamento e alargamento de públicos. À parceria desde o primeiro momento com o DDD – Festival Dias Da Dança, renovam-se colaborações com o IndieJúnior Porto, Trengo – Festival de Circo do Porto, O Meu Primeiro FITEI e o Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI). Com o FITEI apresenta-se, a 19 de maio, Irmã Palestina – 1001 Noites, uma co-criação do Teatro O Bando e da Companhia Olga Roriz com a parceria da Banda Sinfónica Portuguesa, onde teatro, dança e música conduzem o público pela antologia das histórias preservadas na ancestral tradição oral, numa das mais importantes obras da literatura universal, As Mil e Uma Noites.
Além da programação própria, a agenda de acolhimentos é fundamental para a diversidade e pluralidade programática do Coliseu. O calendário vai sendo anunciado durante todo o ano, ao ritmo dos artistas, destacando-se até ao momento concertos de artistas nacionais como David Fonseca, Dillaz, Sara Correia, Luís Represas, Rodrigo Leão, Miguel Araújo, Joana Almeirante, Expensive Soul, Camané, João Paulo Esteves da Silva, Mário Laginha e Ricardo Ribeiro, e internacionais como Jethro Tull, STOMP, Zezé di Camargo, Jorge Vercillo e Meute, entre outros. No Salão Ático, continuam as propostas alternativas nas matinés de domingo. Mila Dores, Joana Espadinha, Os Senhores e Carlos Mendes são alguns dos concertos a não perder. De manhã, a programação no Salão Ático será dedicada aos espectadores mais novos.
Espetáculos de teatro (“A Madrugada Que Eu Esperava”, “Feliz Aniversário”, “Trair e Coçar é só Começar”), dança (“Carmina Burana” pela Vortice Dance Company) e infanto-juvenil (“Dragões e Monstros Míticos”) são outras das propostas já anunciadas para a Sala Principal.
Toda a programação de 2024 é atualizada em permanência em www.coliseu.pt